Ambientalistas angolanos consideram “marco histórico” classificação da Quiçama pela UNESCO



Ambientalistas angolanos consideraram um marco histórico e estratégico a classificação da Quiçama como Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO, referindo que a distinção reforça a necessidade de Angola proteger ecossistemas únicos e promover o desenvolvimento sustentável.

“A designação pela UNESCO [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] da Quiçama, enquanto reserva da biosfera, é um grande marco para Angola, primeiro por se tratar da primeira reserva da biosfera no nosso país e, segundo, por se tratar de uma área muito importante, um dos parques mais importantes do país”, afirmou o ambientalista Vladimiro Russo.

À Lusa, Vladimiro Russo assinalou que o Parque Nacional da Quiçama, localizado na província angolana do Icolo e Bengo, é um dos mais importantes do país, sobretudo por albergar um conjunto de espécies importantes e pelas suas fronteiras naturais com o mar e rios, “que são elementos extremamente relevantes para que haja a sua proteção”.

O também diretor executivo da Fundação Kissama – ligada à conservação da Palanca Negra Gigante – precisou ainda que foi apenas parte do Parque Nacional da Quiçama que foi elevada à categoria de Reserva Mundial da Biosfera e não o seu todo, defendendo um plano estratégico específico.

A classificação da reserva da Quiçama “é uma parte importante marinha e também uma parte importante costeira, é um marco importante”, insistiu, realçando que a decisão da UNESCO reforça a necessidade de proteção de ecossistemas únicos.

Tal como os mangais, estuários e praias que existem nesta área, defendeu também a proteção do manatim africano e dos elefantes de savana, a par do desenvolvimento comunitário, da promoção de um desenvolvimento socioeconómico sustentável e do ecoturismo na região.

Vladimiro Russo realçou que a UNESCO recomenda igualmente a elaboração de um Plano de Gestão de Reserva da Biosfera que, notou, “não se deverá confundir com o plano de gestão do Parque Nacional da Quiçama”.

Angola viu reconhecida hoje, pela primeira vez pela UNESCO, uma reserva da biosfera, a Quiçama, ao longo de 206 quilómetros da selvagem costa atlântica, ao sul de Luanda. Com 33.160 quilómetros quadrados, a reserva da Quiçama “não só conserva a biodiversidade costeira e marinha única, mas também fortalece a resiliência climática e a identidade cultural unindo pessoas e natureza numa visão partilhada de paz e sustentabilidade”, lê-se no comunicado da organização das Nações Unidas.

O ambientalista Rafael Lucas também enalteceu a classificação da Quiçama a Reserva Mundial da Biosfera, referindo que a decisão se traduz “num marco histórico e estratégico para Angola” que coloca aquela reserva ao lado de ecossistemas mundialmente reconhecidos.

O reconhecimento internacional da Quiçama “não é apenas um reconhecimento simbólico, trata-se na verdade de um instrumento científico e diplomático, também político, que pode transformar profundamente a relação de Angola com o seu património natural”, disse em declarações à Lusa.

Para o ambientalista, esta classificação deve colocar Angola em melhores condições para “enfrentar com maior seriedade” os desafios das mudanças climáticas, a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável.

“É importante fazer referência que esta classificação fortalece o compromisso internacional de Angola com a conservação da natureza. Outro elemento relacionado ao impacto ambiental é a restauração ecológica, porque a UNESCO, deste jeito, acaba também por incentivar projetos de reflorestamento, recuperação dos mangais, corais e zonas costeiras”, sustentou.

Rafael Lucas, também diretor executivo da Associação Minuto Verde – Quercus Angola, considerou ainda que a classificação da Quiçama vai igualmente implicar uma maior monitorização da fauna e flora da reserva.

“É, na verdade, uma grande vitória para Angola, mas também é uma responsabilidade acrescida (…). Mas esta classificação só terá, na verdade, grande impacto, um impacto real, se for acompanhada com ações concretas, investimentos adequados e forte mobilização das organizações”, rematou o engenheiro do ambiente.






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