Ambientalistas pedem a bancos para recusarem financiar oleoduto entre Uganda e Tanzânia



Ativistas ambientais no Uganda pediram ontem aos bancos para cortarem o financiamento do projeto de construção de um oleoduto de quase 1.500 quilómetros entre o oeste do Uganda e um porto na Tanzânia.

“Exigimos que os bancos que financiam o projeto reconsiderem a sua posição”, disse o diretor executivo do Instituto para a Governação Ambiental, com sede no Uganda, em declaração à agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).

“Isto é dececionante, especialmente tendo em conta que os bancos operam no Uganda, numa altura em que já estamos a enfrentar as consequências das alterações climáticas”, continuou, numa posição tomada na sequência das inundações que mataram pelo menos sete pessoas na capital, Kampala, e no dia a seguir ao anúncio da conclusão da garantia de financiamento deste projeto que termina num porto da Tanzânia, país que faz fronteira, a sul, com Moçambique.

O oleoduto, de 1.443 quilómetros, faz parte de um programa de investimento de 10 mil milhões de dólares (9 mil milhões de euros) da TotalEnergies, da empresa chinesa CNOOC, do Uganda e da Tanzânia, que inclui também a perfuração de mais de 400 poços de petróleo na região do Lago Albert, no oeste do Uganda, o que, segundo os ambientalistas, ameaça o frágil ecossistema da região e as populações que aí vivem.

A EACOP (East African Crude Oil Pipeline) declarou, na quarta-feira à noite, que “tem o prazer de anunciar que fechou a primeira tranche de financiamento externo para o projeto, fornecido por um consórcio de instituições financeiras”.

O comunicado cita o Banco Africano de Importações e Exportações (Afreximbank), o Standard Bank da África do Sul, dois bancos do Uganda e o ICD, um banco islâmico de desenvolvimento, como os financiadores da operação.

Defendido pelo Presidente ugandês, Yoweri Museveni, que governa o país desde 1986, este projeto é fortemente contestado por ativistas e grupos ambientalistas, que denunciam repetidos despejos forçados, violência e assédio cometidos por soldados ugandeses contra pescadores, bem como casos de violência e exploração sexual e baseada no género cometidos por militares e funcionários da construção do oleoduto.

Um ministro ugandês, citado pela AFP, já respondeu às acusações, considerando-as simples “alegações”, enquanto a EACOP expressou “o seu mais firme desacordo” com as acusações.






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