Apagão: Montenegro admite espaço para melhorias mas diz que resposta foi “altamente positiva”

O primeiro-ministro defendeu hoje que há sempre possibilidade de melhorar procedimentos em crises como o apagão de segunda-feira, mas considerou que a resposta do país foi “altamente positiva” e que a proteção civil “funcionou muito bem”.
“Se me pergunta se as coisas podiam ter funcionado melhor? Nós estamos sempre a tempo de melhorar procedimentos, mas eu quero assinalar: Portugal teve uma reação muito positiva a uma situação que era muito grave, inédita e inesperada,”, afirmou.
Luís Montenegro falava a meio da segunda reunião extraordinária do Conselho de Ministros em dois dias, na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, Lisboa, após o corte generalizado no abastecimento elétrico que afetou na segunda-feira Portugal e Espanha.
Questionado sobre as críticas à atuação da Proteção Civil, o primeiro-ministro fez questão de responder que este organismo “funcionou e funcionou muito bem”.
Montenegro admitiu que existiram, por exemplo, “anomalias no funcionamento” no Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), que realçou não serem novas.
“Faremos uma avaliação muito rigorosa do que aconteceu desse ponto de vista para ultrapassarmos por uma vez os constrangimentos de comunicação que o mau funcionamento desse sistema tem trazido de forma sucessiva”, disse.
O primeiro-ministro defendeu, pelo contrário, a atuação da Proteção Civil, dizendo que foi acionada “desde o primeiro minuto uma célula de crise na Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil”, que considerou determinante para coordenar as forças no terreno em conjunto com o Sistema de Segurança Interna.
Montenegro explicou que, nas primeiras horas, estes organismos tiveram como prioridade “tratar dos sistemas que são essenciais e das infraestruturas mais críticas”.
“Isso não quer dizer que a Proteção Civil e o Sistema de Segurança Interna não estivessem também preocupados com a generalidade dos cidadãos”, frisou.
Do ponto de vista da comunicação do Governo, recordou as duas vezes em que falou aos jornalistas na segunda-feira, bem como as comunicações de outros ministros, como o da Presidência, aproveitando a capacidade de difusão das rádios e, mais tarde, das televisões.
Questionado se defende, como quando era líder da oposição, uma reflexão sobre a privatização da REN (Redes Energéticas Nacionais), Montenegro disse nada ter a acrescentar neste momento ao que pensava na altura.
“Não é agora, de repente, que nós vamos estar a fazer renascer esse assunto. Eu estarei disponível para o poder aprofundar a seu tempo, sem nenhum problema. Creio que essas coisas não se devem fazer a quente”, afirmou.
O primeiro-ministro aproveitou esta conferência de imprensa para fazer um balanço da normalização do abastecimento elétrico e do funcionamento dos serviços essenciais, salientando que o reinício do sistema foi feito com produção própria de energia nacional.
“A recuperação da energia, a reabertura das escolas e as aulas, os serviços públicos essenciais estão a funcionar e esse restabelecimento acabou por ser mais rápido até em Portugal do que está a acontecer em Espanha”, salientou.
Montenegro apontou ainda o dia do apagão como o primeiro “na história de Portugal em que a desinformação e a manipulação tiveram a dimensão dos tempos modernos”, confessando que ele próprio se sentiu amedrontado por ter recebido notícias falsas difundidas com a chancela idêntica à de órgãos de comunicação social credíveis.
“Cada vez mais, nós temos de confiar na palavra das autoridades, mas na palavra que nos chega pelas vias corretas, na palavra que nos chega na forma correta, na palavra que nos chega no momento correto. Não vale a pena termos a pressa desmedida de encontrar resposta para tudo, de uma forma precipitada, porque isso é o caminho que abre espaço à manipulação”, alertou.