Atividades extrativas ameaçam sítios de Património Mundial da UNESCO, alerta relatório



Em 97 de 266 sítios de Património Natural da Humanidade, classificados pela UNESCO, existem atualmente operações de exploração de combustíveis fósseis e de minerais.

O alerta é feito num relatório divulgado esta semana, assinado pela organização cultural e científica das Nações Unidas, pela WWF, pela União Internacional para a Conservação da Natureza, pelo Greenbank e pelo Church of England Pensions Board.

De acordo com a análise, 36% dos sítios de Património Natural da Humanidade estão a ser ameaçados por atividades extrativas, uma pressão que se arrasta há pelo menos uma década. Em 2015, a WWF havia denunciado o entrincheiramento de operações de extração de recursos naturais nesses locais e tudo indica, com base em dados recentes, que o problema se mantém.

Os autores alertam para os riscos de poluição, de destruição de habitats e de impactos culturais negativos nos sítios de Património Natural da Humanidade, alertando que apesar de protegidos, não estão seguros.

“Os sítios de Património Natural da Humanidade estão entre os presentes mais preciosos da natureza para da humanidade”, diz, em nota, Daudi Sumba, diretor de conservação da WWF International.

“No entanto, apesar do seu estatuto, continuam a estar sob pressão contínua por parte de empresas de petróleo, de gás e de minerais”, lamenta o responsável, acrescentando que, “enquanto focos de biodiversidade e cultura, estes sítios podem ajudar a apoiar o desenvolvimento sustentável e a combater as alterações climáticas”.

Por isso, declara, “não devemos pô-los em risco”.

O relatório urge os investidores e as empresas extrativas a evitarem operar dentro ou nas proximidades de sítios classificados e a assegurarem que as suas atividades estão de acordo com “os padrões ambientais e sociais internacionalmente reconhecidos”.

No documento, as organizações dizem que ao atuarem em locais sensíveis, como os sítios de Património Natural da Humanidade, as empresas estão a correr sérios riscos, uma vez que “enfrentam crescente escrutínio por parte de reguladores, acionistas, sociedade civil e do público”.

“Isso pode levar a atrasos nos projetos, multas, danos reputacionais, e até ao encerramento das operações, e tudo isso pode impactar as margens de lucro e comprometer o valor do investimento de longo-prazo”, avisam.

Para Laura Hillis, diretora de Clima e Ambiente do Church of England Pensions Board, “os investidores devem agir como tutores responsáveis do capital ao assegurarem que as empresas que financiam não põem em risco sítios de Património Mundial”.

“Não se trata apenas de um assunto de de conservação”, afirma, “é uma questão de risco financeiro e reputacional a longo-prazo que os investidores têm de gerir.






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