Áustria garante que pode prescindir do gás russo em caso corte no fornecimento
A Áustria, que importa da Rússia mais de 80% do gás que consome, está em condições de prescindir destes fornecimentos sem sofrer escassez, garantiu ontem a ministra da Energia do país da Europa Central, Leonore Gewessler.
“A Áustria pode, e irá, sobreviver sem o gás russo”, destacou a ministra do partido ambientalista ‘Os Verdes’, através da sua conta na rede social X.
A governante reagia às notícias de um possível corte no fornecimento russo à república alpina num futuro próximo.
O grupo austríaco de hidrocarbonetos OMV alertou para esta possibilidade na quarta-feira à noite, ao relatar a decisão a seu favor numa arbitragem sobre uma disputa com o consórcio estatal russo de gás Gazprom.
A Câmara de Comércio Internacional (ICC) decidiu que a Gazprom deve pagar à OMV 230 milhões de euros como compensação por várias entregas irregulares e suspensão de fornecimentos em 2022, revelou o grupo austríaco, em comunicado.
Na nota, a OMV destacou a sua intenção de obter uma indemnização ao não pagar a referida quantia em dinheiro pelos volumes de gás já recebidos, sabendo que este procedimento poderá levar a Gazprom a suspender os fornecimentos.
“A execução do pedido de indemnização deverá ter um eventual impacto negativo nas relações contratuais (…), incluindo uma eventual cessação do fornecimento de gás”, referiu.
Um eventual corte não deverá provocar uma escassez na Áustria, não só porque os depósitos estão cheios, mas também porque o país pode aceder a compras alternativas, confirmou hoje a ‘E-Control’, a autoridade reguladora da energia na Áustria.
Mas uma eventual suspensão das vendas russas tornaria o gás mais caro na Áustria e na Europa, admitiu Alfons Haber, membro do conselho de administração da E-Control, em declarações à agência de notícias austríaca APA.
O alerta da OMV de quarta-feira à noite já provocou uma subida acentuada do preço do gás na Europa esta quinta-feira, de acordo com vários meios de comunicação social austríacos.
“Sempre soubemos que o fornecimento de gás da Rússia não é seguro”, acrescentou a ministra.
Gewessler assegurou que o país se preparou para poder reagir a um possível corte da Gazprom, sobretudo depois de Kiev ter anunciado que no dia 31 de dezembro vai interromper o trânsito do gás russo pelo seu território, através do gasoduto por onde chegam os fornecimentos da Gazprom à Áustria.