Avanço no tratamento do cancro do pulmão vem do fundo do oceano



Afetando cerca de 13% da população com cancro do pulmão — estima-se que sejam cerca de cinco mil doentes portugueses —, o cancro do pulmão de pequenas células é um tumor muito agressivo, com poucas opções de tratamento. A maioria destes doentes é diagnosticada com a doença em fase extensa, muito agressiva e difícil de tratar, com um mau prognóstico (2,3,4). No entanto, o Congresso Anual da American Society of Clinical Oncology (ASCO) trouxe notícias animadoras para o tratamento desta doença. E a resposta vem do fundo do oceano, foi divulgado em comunicado.

Segundo a mesma fonte, no Dia Mundial dos Oceanos, que se assinalou no dia 8 de junho, é importante destacar o papel fundamental que o oceano desempenha não apenas na regulação do clima e na preservação da biodiversidade, mas também na inovação científica e médica. O oceano, que abriga cerca de 80% dos seres vivos, tem sido uma fonte de inspiração para novas abordagens terapêuticas, incluindo o tratamento do cancro do pulmão de pequenas células.

“O cancro do pulmão de pequenas células é um tumor agressivo, que se apresenta em estadio avançado ou metastático na maioria dos doentes”, refere António Araújo, diretor do Serviço de Oncologia Médica da ULS de Santo António. “Apenas um doente em cada cinco sobrevive mais de dois anos, pelo que o seu prognóstico é, sempre, muito sombrio e a evolução terapêutica para esta doença tem sido muito escassa nos últimos 30 anos”, confirma.

No ASCO 2025, “os resultados do ensaio clínico IMforte mostraram-se muito encorajadores, podendo vir a mudar a prática clínica, por aumentarem a sobrevivência destes doentes que poucas alternativas têm”, refere o especialista.

Os mais recentes dados apresentados no Congresso Anual da ASCO mostram o aumento da sobrevida global e sobrevida livre de progressão em doentes com cancro do pulmão de pequenas células em fase avançada, num regime de manutenção de primeira linha, graças à adição de um tratamento inspirado no mar (lurbinectedina) à imunoterapia. Este medicamento é desenvolvido pela empresa PharmaMar, que encontrou este recurso subexplorado — o océano.

Embora este tratamento esteja aprovado nos EUA, ainda não está disponível para doentes na Europa, mas os dados apresentados na ASCO serviram de base para a submissão de um Pedido de Autorização de Comercialização à Agência Europeia do Medicamento (EMA) pela PharmaMar.

PharmaMar e a exploração do oceano como fonte de medicamentos

PhamaMar realiza expedições marinhas em todo o mundo para tentar fornecer respostas a doenças com necessidades médicas não satisfeitas, como o cancro do pulmão de pequenas células.

Assim que encontrarem um composto com potencial atividade antitumoral no mar, segue-se um processo químico para reproduzir este composto para realização de estudos pré-clínicos, com o objetivo de determinar a sua toxicidade e eficácia. Só depois desta fase é que se pode passar para os ensaios clínicos, , para determinar a sua qualidade e segurança, antes de existir uma autorização para a comercialização. Findas estas etapas, chega o momento de realizar o registo, produzir e impactar a vida dos doentes.

Atualmente, a PharmaMar conta já com mais de 200 visitas ao fundo do mar em 35 países e a maior coleção de organismos marinhos, com cerca de 500 mil espécies. Além dos avanços para o tratamento do cancro, a farmacêutica também contribui para o conhecimento do ambiente marinho e da sua biodiversidade.






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