Baleias: As “fertilizadoras” dos oceanos
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As baleias contam-se entre os gigantes que rumam pelos oceanos e mares do planeta. A baleia-azul (Balaenoptera musculus) é mesmo o maior animal da Terra. Contudo, apesar do tamanho, muitas delas alimentam-se de pequenos crustáceos semelhantes a camarões, o krill, graças às “barbas” no seu maxilar superior, com as quais expelem a água da sua boca, impedindo a saída das suas minúsculas presas.
As baleias foram, em tempos, caçadas quase até à extinção, e até agora as suas populações ainda não conseguiram recuperar de muitas décadas de perseguição intensa pela sua gordura, carne, pele e ossos. Os cientistas esperavam que, com a redução de número de baleias, o krill proliferaria exponencialmente sem a pressão da predação. Contudo, o que se viu foi que mesmo as populações de krill sofreram perdas.
Um grupo de investigadores, num artigo publicado na revista ‘Communications Earth & Nature’, sugere uma explicação: as baleias de barbas não são apenas predadoras, mas também “fertilizadoras” dos oceanos.
De acordo com os autores, as fezes dessas baleias são ricas em ferro, um elemento fundamental para a produção primária nos mares e oceanos e que não abunda nas zonas mais afastadas das áreas terrestres. Tal como em terra, também as plantas marinhas, as algas, precisam de ferro para poderem crescer e ser nutritivas. O krill alimenta-se dessas microalgas, o fitoplâncton.
Assim, com menos baleias nos oceanos, menor quantidade de ferro disponível em suspensão, menor o crescimento do fitoplâncton e, no final, menos krill.
Patrick Monreal, investigador da Universidade de Washington e primeiro autor do artigo, explica, em comunicado, que os resultados do trabalho sugerem que “a dizimação das populações de baleias de barbas”, fruto da intensa perseguição de foram alvo no passado, pode ter tido efeitos significativos na composição biogeoquímica dos oceanos.
Para a equipa, a investigação comprova o papel que esse grupo de baleias tem na produção das próprias presas das quais dependem, num ciclo perfeito de nutrientes que tem também efeitos muito mais vastos, pois o fitoplâncton é a base de várias teias tróficas que suportam a sobrevivência de muitas outras espécies de animais marinhos.