Campanha de valorização de efluentes quer proteger recursos hídricos, solo e ar de Leiria



Uma campanha de valorização agrícola de efluentes agropecuários, vulgarmente conhecida como espalhamentos, que tem como foco a proteção dos recursos hídricos, mas também do solo e do ar do concelho de Leiria, foi ontem apresentada.

“O foco principal e a nossa âncora é, sem dúvida, a proteção dos recursos hídricos, daí a participação ativa dos SMAS [Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Leiria]”, disse o vereador Luís Lopes, referindo que a proteção dos solos e do ar, “naquilo que é a contaminação e os maus cheiros”, também preocupam o município.

Na conferência de imprensa de apresentação da campanha, nos Paços do Concelho, Luís Lopes realçou que “água, solo, ar” é uma tríade que interessa ao município trabalhar, assinalando que um problema nos próximos anos vai ser a diminuição da disponibilidade de água potável.

A campanha, intitulada “Valorizar em vez de espalhar: é seguro, basta respeitar”, tem como parceiros os SMAS, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Guarda Nacional Republicana (GNR) e empresa de recolha e tratamento de resíduos Ambilis.

“Era importante para nós que, tendo o concelho mais de 300 explorações suinícolas e avícolas, também os produtores estivessem a bordo deste projeto (…) e que eles próprios entendessem que têm mais a ganhar do que a perder relativamente a esta boa gestão e à valorização orgânica dos efluentes que produzem”, declarou o autarca.

Frisando que não se trata apenas de suiniculturas, porque não há apenas espalhamentos de efluentes suinícolas, mas também de explorações avícolas ou de gado bovino, Luís Lopes, responsável pelo pelouro do ambiente, realçou que a campanha se destina a todos.

“Este é um caminho que queremos fazer em conjunto, perfeitamente alinhados com as entidades todas”, sublinhou.

Notando que a lei indica como a valorização é feita e em que locais, Luís Lopes salientou ainda a importância de “a população mais impactada”, no caso de Leiria é a do vale do Lis, “perceba se estas práticas são ou não bem executadas e quando é que elas podem ou não ser feitas, e contribuir para que isso seja um incremento” na qualidade de vida de todos.

“Tem de ser percebido que a responsabilidade é de todos, não apenas de parte deste sistema e que, como tal, cada vez mais se exige que as pessoas tenham atitudes responsáveis e que não iremos ter problema absolutamente nenhum em trabalhar em conjunto para que quem exerce boas práticas isso seja promovido e quem não contribui para isso tenha o devido tratamento que, como rapidamente se entende, é que não pode continuar a fazê-lo de todo, seja em que parte do território for”, acrescentou.

O autarca adiantou que, desde que foi criado o Serviço Municipal de Vigilância Ambiental, em 2021, o número de más práticas de espalhamentos tem vindo a diminuir, assim como o número de denúncias de descargas de efluentes agropecuários para ribeiras ou rios (no total foram 37 em quatro anos).

Por exemplo, das seis ocorrências relacionadas com deposição de efluentes no solo no ano de 2024, verificou-se que três foram falso alarme. As restantes três foram remetidas para o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR, revelou a autarquia.

O diretor-delegado dos SMAS de Leiria, Leandro Sousa, salientou que “a valorização orgânica é fundamental e é essencial”, observando que o excedente de efluente agrícola é “um desafio para quem exerce a atividade agrícola”.

Segundo Leandro Sousa, a campanha, que vai ser lançada na quinta-feira, quer “consciencializar as pessoas de que esta prática, quando feita de uma forma adequada, não tem implicações no meio ambiente”.

A iniciativa vai incluir painéis publicitários, cartazes, folhetos, publicidade na imprensa, informação nas redes sociais do município e ações de sensibilização.





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