Campo Aberto denuncia atitude arrogante da Metro do Porto após abate de árvores



A associação ambientalista Campo Aberto denunciou ontem a atitude “arrogante e sistemática” da Metro do Porto quanto às árvores nas suas intervenções, manifestando “tudo menos surpresa” quanto ao abate de duas árvores na rotunda da Boavista.

Num comunicado enviado à imprensa em que menciona “mais um jardim histórico maltratado no Porto”, a Campo Aberto manifestou “tudo menos surpresa” sobre o abate de duas árvores na rotunda da Boavista, conhecido na segunda-feira.

“Compreendida a atitude arrogante e sistemática dessa empresa perante os jardins e árvores do Porto e concelhos limítrofes onde atua, tão-pouco já se estranha a forma como a empresa vem tratando o jardim da rotunda”, refere no comunicado.

A associação ambientalista refere que “quem tivesse observado o que se passou no interior da rotunda desde que começaram ali obras da nova Linha Rosa e depois do ‘metrobus'”, os “estragos feitos pela mesma empresa no Jardim do Carregal”, a “demolição praticamente total do jardim da zona da Praça da Galiza” e ainda o abate de “quase 500 sobreiros duplamente ‘protegidos'” em Gaia, “não poderá surpreender-se”.

A Campo Aberto considera ainda que a Metro do Porto tem beneficiado da “‘compreensão’ ativa de autoridades nacionais – como a Direção-Geral do Património Cultural, que recentemente recusou a um grupo de associações do Porto a classificação que protegeria a totalidade do jardim da rotunda”.

A associação refere também que as autoridades municipais “têm tolerado a incompetência da Metro em proteger os locais onde atua”.

O vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, defendeu que a Metro do Porto deve “explicações cabais” sobre o que impediu a preservação de duas árvores de grande porte na rotunda da Boavista.

“Importa que a Metro do Porto dê explicações cabais sobre o que aconteceu para que não fosse possível preservar aquele património”, afirmou Filipe Araújo durante a Assembleia Municipal do Porto, que decorreu na segunda-feira à noite.

Em causa está o estado fitossanitário de dois liquidâmbares localizados naquela rotunda que “torna premente a necessidade de avançar com o seu abate”, indica um estudo solicitado pela autarquia à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

De acordo com o estudo, os dois exemplares “foram afetados irreversivelmente devido aos trabalhos de ‘Jet-Grouting’”, método que tem “impactes substanciais na vida do solo e sistema radicular dos outros exemplares arbóreos”.

Aos deputados municipais, Filipe Araújo, que também detém o pelouro do Ambiente, assegurou que o município procurou que o impacto das obras do metro no património natural “fosse o menor possível”.

“Que fique claro que a câmara, desde a primeira hora, se há algo que tentou preservar foi este património na rotunda da Boavista”, afirmou, dizendo que a autarquia não deu nenhum parecer para que as duas árvores de grande porte fossem abatidas.

“Temos instigado a Metro do Porto a procurar soluções técnicas que permitam preservar este património”, referiu, acrescentando que essas explicações deve ser solicitadas à empresa pela comissão criada pela Assembleia Municipal para acompanhar as obras da Metro e da Infraestruturas de Portugal na cidade.

A Lusa também já enviou questões à Metro do Porto sobre este assunto e aguarda resposta.





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