Cerca de 1.400 espécies diferentes encontradas nos estômagos de vespas-asiáticas

A vespa-asiática (Vespa velutina) é uma espécie invasora oriunda da Ásia. Atualmente pode ser encontrada praticamente em toda a Europa ocidental e, do ponto de vista da conservação, representa uma ameaça aos invertebrados terrestres, especialmente à abelha-europeia (Apis mellifera).
Agora, uma nova investigação liderada pela Universidade de Exeter (Reino Unido) revela a panóplia de invertebrados que fazem parte da alimentação da vespa-asiática.
Através da análise do conteúdo dos sistemas digestivos de vespas capturadas em França, Espanha, Reino Unido e na ilha de Jersey (a maior do Canal da Mancha), os cientistas descobriram que além da abelha-europeia, que foi encontrada em todas as amostras estudadas, as vespas-asiáticas alimentam-se também de outras vespas e espécies de abelhas, moscas, besouros, borboletas, traças e aranhas.
Os investigadores, que publicaram a descoberta na revista ‘Science of The Total Environment’, consideram que este é o primeiro estudo a revelar a verdadeira dimensão dos hábitos alimentares das vespas-asiáticas, que, segundo eles, varia consideravelmente consoante as estações do ano e a região em que ocorrem.
E salientam os impactos negativos que a expansão da espécie pode ter na conservação de outros insetos, um dos grupos de animais mais ameaçado de extinção.
“A maioria das populações de insetos estão em declínio, devido a fatores como a destruição de habitat e a poluição química”, afirma, em comunicado, Siffreya Pedersen, primeira autora do artigo, acrescentando que o aumento da área ocupada pelas vespas-asiáticas “representa uma ameaça adicional”.
E os impactos podem também influenciar a produção alimentar humana, uma vez que, das 50 espécies de invertebrados mais frequentemente encontradas nos sistemas digestivos desses predadores, 43 são polinizadoras, incluindo espécies importantes para a polinização das culturas na Europa, como as abelhas-europeias e os abelhões (género Bombus).
Por isso, Peter Kennedy, coautor, considera que “o nosso estudo fornece provas adicionais importantes sobre a ameaça que as vespas-asiáticas representam, à medida que se espalham pela Europa”.
Estima-se que as vespas-asiáticas tenham sido inadvertidamente introduzidas na Europa, pela mão humana, algures em 2004, em França, sendo que a sua presença foi pela primeira vez confirmada em Portugal em 2011.
Apesar das consequências negativas que possa ter para a sobrevivência das populações de insetos, incluindo de polinizadores, e de ser uma espécie invasora, a vespa-asiática, de acordo com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), não é considerada mais perigosa para os humanos do que a nativa vespa-europeia (Vespa crabro).