China, Portugal e Brasil criam novo laboratório para investigar oceanos
Instituições académicas da China, Portugal e Brasil criaram hoje, em Macau, um novo projeto para colaborar na investigação dos oceanos, incluindo o impacto das alterações climáticas e as mudanças nas correntes marinhas.
“Vamos aprofundar o conhecimento dos oceanos e ter uma visão mais integrada, que nos permita antecipar o futuro de forma mais segura”, disse à Lusa o coordenador do Laboratório de Robótica e Sistemas de Engenharia.
O objetivo do Centro de Investigação Oceânica entre a China e os Países de Língua Portuguesa é “colaborar e partilhar os dados, recursos e talentos”, acrescentou José Santos-Victor.
Além do laboratório associado ao Instituto Superior Técnico, o novo centro integra a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade de Macau (UM) e o laboratório estatal chinês Laoshan Laboratory, com sede em Qingdao, no leste da China.
“Há vários centros de investigação que fazem um excelente trabalho nestas várias áreas”, defendeu Santos-Victor, dando como exemplo a investigação e previsão dos efeitos das alterações climáticas nos oceanos.
De acordo com grupos ambientalistas, as mudanças climáticas são uma das grandes ameaças aos oceanos, juntamente com a poluição e novas tecnologias que abrem as portas à exploração mineira em alto mar e à pesca mais intensiva.
Uma prioridade será a formação, com planos para intercâmbios entre investigadores e estudantes de mestrado ou doutoramento entre os vários laboratórios do centro, sublinhou o académico português.
Durante a cerimónia de inauguração, o reitor da UM, Song Yonghua, prometeu o lançamento de programas conjuntos de mestrados entre as universidades que fazem parte da iniciativa.
Ettore Apolonio de Barros, professor da USP, recordou à Lusa que a universidade brasileira criou, em 2024, o Centro USP-China, para “provocar a cooperação com universidades chinesas”.
O investigador destacou o caráter multidisciplinar do centro inaugurado hoje em Macau, como “uma das primeiras iniciativas” a juntar cientistas e engenheiros para colaborar na exploração e estudo dos oceanos.
O especialista em sistemas eletromecânicos automatizados lembrou que o projeto é “um importante desdobramento” da Aliança de Investigação Científica Oceânica entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
A aliança foi criada também em Macau, em 2022, por 19 universidades da China e de Portugal, Brasil, Angola e Moçambique, para lançar projetos conjuntos de investigação sobre os oceanos.
O vice-reitor da UM, o português Rui Martins, disse hoje à Lusa que recentemente a aliança foi reforçada, com a entrada de mais cinco instituições, incluindo a Universidade de Hainão, no sul da China.
Do lado lusófono, aderiram a Universidade Técnica do Atlântico (Cabo Verde), a Universidade de Coimbra, o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e o INESC P&D Brasil.