Cidades portuguesas lideram ação climática e procuram 653 milhões de euros de investimento



Novo relatório do Carbon Disclosure Project (CDP) revela a necessidade urgente de financiamento climático para apoiar projetos de infraestruturas urbanas em Portugal e a nível mundial.

O Global Snapshot 2024, desenvolvido em parceria com o Pacto Global de Autarcas para o Clima e a Energia, revela que 611 cidades em 75 países divulgaram 2.508 projetos relacionados com o clima através do CDP-ICLEI Track em 2024, com uma necessidade de investimento total de 79 mil milhões de euros. Em Portugal, foram comunicados 181 projetos relacionados com o clima, avaliados coletivamente em mil milhões de euros e que requerem 653 milhões de euros de investimento.

Em comunicado, a organização aponta que Guimarães (30 projetos), Amarante (26) e Lisboa (19) foram as cidades portuguesas que mais projetos comunicaram.

A procura de financiamento climático nas cidades está a aumentar de ano para ano, uma vez que as necessidades globais de investimento reportadas aumentaram 23% em 2024, revela o CDP, mas, apesar do progresso, o financiamento para ação climática urbana continua a ser insuficiente.

Embora os fluxos de financiamento tenham mais do que duplicado entre 2017 e 2022, ainda estão muito aquém dos quatro mil milhões de euros que se estimam ser necessários anualmente até 2030 para a mitigação e adaptação às alterações climáticas nas cidades.

“Com 85% dos projetos portugueses à procura de financiamento, existe uma necessidade urgente de investimento para desbloquear estas soluções climáticas”, diz o CDP.

Os principais setores, por número de projetos comunicados em Portugal, estão relacionados com:

  • Soluções baseadas na natureza, biodiversidade e espaços verdes urbanos: 39 projetos
  • Gestão de água: 36 projetos
  • Edifícios e eficiência energética: 24 projetos
  • Gestão de resíduos: 23 projetos

Em 2024, quase metade das cidades que divulgaram projetos a nível mundial (286 cidades) associaram-nos a ações mais amplas de adaptação e/ou mitigação das alterações climáticas.

De acordo com o relatório, em Portugal, 15 das 16 cidades que divulgaram projetos têm um plano de ação climática, o que realça o papel fundamental do planeamento climático para a criação e desenvolvimento de projetos.

“Um dos exemplos do estudo vem de Valongo, onde uma horta orgânica e uma pequena floresta com cerca de 5.150m² estão a ser desenvolvidas como parte de uma estratégia de adaptação mais abrangente”, avança a organização.

Katie Walsh, Diretora de Financiamento Climático para Cidades, Estados e Regiões, CDP, diz, em nota, que “as cidades estão a liderar a luta contra as alterações climáticas, mas sem investimento urgente e substancial, os seus esforços serão prejudicados”.

Para a responsável, “o aumento de 23% das necessidades de investimento mostra a crescente escala da ação climática urbana, mas a falta de financiamento continua a ser um obstáculo crítico”.

“Os números da Global Snapshot deste ano reforçam uma mensagem fundamental: as cidades estão a agir, mas não o podem fazer sozinhas. Para progredir, temos de capacitar os governos locais, especialmente nas economias em desenvolvimento, com o apoio financeiro que necessitam”, salienta.

Por seu lado, Asma Jhina, Consultora Sénior – Financiamento de Ação Climática Urbana e Inclusiva, Pacto Global de Autarcas para o Clima e a Energia, refere que “agora, mais do que nunca, as cidades de todo o mundo estão a assumir a liderança na luta contra as alterações climáticas e estão a avançar com projetos críticos de infraestrutura urbana para construir comunidades resilientes nos próximos anos”.

“Mas elas precisam de acesso a financiamento e parcerias para realizar esses projetos. O CDP Global Snapshot destaca a necessidade urgente de financiamento climático para apoiar projetos de infraestruturas urbanas em todo o mundo”, acrescenta.






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