Cientistas analisaram plástico que esteve no oceano mais de 20 anos. Os resultados são terríveis



Mesmo depois de mais de 20 anos no oceano, os plásticos comuns podem mostrar muito poucos sinais de degradação, de acordo com um novo estudo que examina os efeitos da submersão do fundo do mar deste material problemático.

“Os resultados do presente estudo representam, até onde sabemos, o primeiro conjunto de dados que integra de maneira confiável o destino e a função ecológica do plástico ao longo de um intervalo de tempo de mais de duas décadas em condições ambientais naturais do fundo do mar”, indicaram os cientistas no estudo publicado na Nature.

Embora não seja difícil encontrar plástico nos oceanos, é difícil identificar a sua origem com precisão, portanto as descobertas servem como um aviso importante sobre quanto tempo o plástico pode permanecer ao ser atirado ao mar.

Os investigadores analisaram duas amostras de plástico recuperadas a 4.150 metros baixo da superfície do leste do Oceano Pacífico, descobrindo que a maioria do plástico ainda estava totalmente intacta e também influenciou as comunidades microbianas que crescem na superfície do plástico.

Um recipiente para alimentos e uma lata de Coca-Cola embrulhada num saco plástico foram os itens descartados recuperados pelos cientistas, encontrados entre muitos outros observados no fundo do mar.

Graças ao código e nome da marca no recipiente, e ao facto de a lata fazer parte de uma edição limitada, a equipa pode datar os itens entre 1988 e 1996.

Embora o alumínio da lata de Coca-Cola fosse normalmente corroido, o saco de plástico que a envolvia manteve-a preservada – tanto que a etiqueta da lata ainda estava claramente visível. Após recuperar estes dois itens, os cientistas puderam executar uma análise química e bacteriana dos objetos.

“Aconteceu que nem o saco nem a caixa plástica mostraram sinais de fragmentação ou degradação”, indicou o biogeoquímico Stefan Krause, do instituto de pesquisa GEOMAR na Alemanha.

Embora o recipiente e o saco tivessem formas diferentes e fossem feitos de diferentes tipos de plástico, os cientistas descobriram que o impacto nas bactérias circundantes era o mesmo – a diversidade microbiana era muito menor no plástico do que nos sedimentos do fundo do mar.

“Este estudo constrói também uma base importante para o nosso novo projeto HOTMIC [Distribuição Oceânica Horizontal e Vertical, Transporte e Impacto de Microplásticos], onde pretendemos seguir o lixo plástico que entra no oceano desde os continentes até aos grandes turbilhões oceânicos.”, afirmou o cientista marinho da GEOMAR Matthias Haeckel.





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