Clima provocou uma em cada 3 situações de emergência para refugiados em 2024



Um terço das situações de emergência declaradas no ano passado pela agência da ONU para os refugiados (ACNUR) foi causada por eventos climáticos extremos, como chuvas intensas ou inundações graves, anunciou hoje a organização.

Com nove emergências ligadas ao clima declaradas num só ano, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados sublinha que o número foi um recorde e que muitos dos desastres impactaram áreas que já acolhiam refugiados e pessoas deslocadas pela guerra.

Os eventos climáticos extremos agravaram ainda surtos de doenças e destruíram meios de subsistência e infraestruturas críticas, pelo que a agência teve de declarar emergência e ajudar as comunidades deslocadas à força e as comunidades de acolhimento em África, na Ásia e na América Latina.

De acordo com o “Relatório de Impacto de 2024: Resposta a novas emergências e crises prolongadas”, hoje publicado, o ACNUR declarou 26 novas emergências em 2024, sete das quais no nível mais grave, mas, no total, esteve presente em 43, porque uma parte já provinha do ano anterior.

Sublinhando que “o financiamento não está a acompanhar as necessidades crescentes” e pedindo mais apoio aos doadores, o diretor da Divisão de Emergência, Segurança e Abastecimento do ACNUR, Ayaki Ito, admitiu que “infelizmente, o número de crises a nível global continua a ser extremamente elevado”.

No entanto, garantiu, o ACNUR “está a mobilizar-se rapidamente para onde é mais necessário”.

“Integrar mais tecnologia nos nossos sistemas está a trazer novas eficiências. Os sistemas melhorados de alerta precoce e análise de dados melhoraram a forma como entregamos ajuda e preparamo-nos melhor para quando surgem novas emergências”, explicou o responsável.

A intensificação das emergências em 2024 abrangeu novas guerras, conflitos não resolvidos e um aumento dos desastres relacionados com o clima que “resultaram em níveis assustadores de morte, destruição e deslocação no ano passado”, referiu Ayaki Ito, adiantando que a situação força as operações globais do ACNUR a responder a crescentes necessidades humanitárias.

Além das emergências associadas ao clima, o ACNUR teve, pelo segundo ano consecutivo, de alargar a resposta “à guerra brutal no Sudão e ao seu impacto regional”, mas também teve de acorrer com urgência para “proteger e entregar ajuda vital aos refugiados e deslocados no Líbano e na Síria”.

Por outro lado, acrescenta a agência da ONU, foram intensificados esforços em toda a África para garantir a inclusão de populações deslocadas à força na resposta ao surto de MPox (doença infecciosa causada por um vírus que afeta seres humanos e outros animais) e reforçadas as operações para lidar com crises contínuas graves na República Democrática do Congo, em Myanmar, na Ucrânia e na região de Darien, entre a Colômbia e o Panamá.

“As nossas equipas estão em 130 países, com outras de prontidão para serem mobilizadas”, disse o diretor do ACNUR, acrescentando que “trabalham 24 horas por dia para aliviar o sofrimento e salvar vidas, coordenando-se com parceiros e refugiados para encontrar soluções”.

A agência adianta ainda que, no ano passado, enviou 5,1 milhões de artigos de ajuda no valor de 43,6 milhões de euros para ajudar cerca de 6 milhões de pessoas, além de bens de emergência a partir de armazéns regionais e locais.

O ACNUR também refere ter formado 240 funcionários e parceiros para resposta a emergências, deixando-os prontos para serem mobilizados no prazo de 72 horas. Destes, 132 foram mobilizados no ano passado para ajudar em várias situações, desde a prevenção da violência de género à gestão de locais, saúde, dados e logística.





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