Climate Change Performance Index 2018: Portugal desce 7 posições no ranking climático



No decurso da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP23), a associação de defesa do ambiente alemã Germanwatch, a NewClimate Institute e a Rede Europeia para a Acção Climática (CAN Europe) – da qual a Quercus faz parte-, divulgam o Climate Change Performance Index (CCPI) 2018.

Este ano, Portugal ficou classificado em 18º lugar (a mesma posição que ocupou em 2016), entre os 56 países industrializados abrangidos pelo CCPI, o que na verdade corresponde ao 15º lugar. Isto porque nenhum país está a seguir o caminho traçado pelo Acordo de Paris, com os três primeiros lugares do pódio a permanecerem vazios.

Na última classificação (CCPI 2017), Portugal conseguiu chegar ao 11º lugar (o qual, descontando os três primeiros lugares não atribuídos, pode ser considerado um 8º). Porém, mesmo com a descida na classificação, o país manteve a avaliação de “bom” desempenho, justificado principalmente pela contribuição das renováveis no consumo de energia e metas estabelecidas, bem como as políticas climáticas definidas.

Nesta nova edição do CCPI 2018 são evidentes os sinais de descarbonização do sistema energético global em alguns países, através do decréscimo acentuado das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), da aposta nas energias renováveis e do uso de energia em alguns sectores os transportes, a indústrias e os edifícios. Contudo, esta tendência é ainda demasiado lenta para que, em 2050, a energia provenha totalmente de fontes renováveis.

Em comunicado, a Quercus alerta que se regista um crescente consumo de petróleo e gás natural que supera a positiva redução do uso do carvão. Por outro lado, a associação ambientalista lembra que “embora haja um forte compromisso com o Acordo de Paris na diplomacia climática internacional, é notória a falta de metas ambiciosas em geral e de uma implementação compatível com os seus objectivos.”

Quanto aos outros países, e com o desenvolvimentos comparativamente positivos nas emissões renováveis e per capita, a Suécia ocupa o 4º lugar no CCPI deste ano – que corresponde ao 1º dado que o pódio está vazio. O nível de emissões poluentes relativamente baixo e a elevada contribuição das energias renováveis são razões para o 5º (2º) ranking da Lituânia. Beneficiando de uma boa avaliação das políticas e metas, relativamente elevadas, para 2030, Marrocos ocupa a 6ª (3ª) posição, seguido da Noruega.

Surpreendentemente, Índia ocupa o 14º lugar, com um nível ainda baixo de emissões per capita e consumo de energia. A China, ao contrário, com suas altas emissões e um crescente uso de energia nos últimos cinco anos, ainda ocupa o 41º lugar. Contudo, podem ser esperadas melhores classificações futuras, uma vez que especialistas nacionais destacaram que o país implementou políticas para eliminar a utilização de carvão e de promoção das energias renováveis e mobilidade eléctrica.

A Alemanha (22º), país co-anfitrião da Presidência da COP 23 das Fiji, ficou a meio da tabela do CCPI 2018. O país investiu bastante ao nível da diplomacia climática internacional e dos compromissos globais no âmbito da acção climática. Porém, a nível nacional, faltam medidas concretas e um acordo final sobre a eliminação gradual do carvão, bem como a promoção das energias renováveis e mobilidade eléctrica.

Quanto aos EUA, que se desvincularam do Acordo de Paris, ocupam a 56ª posição, devido à fraca avaliação da sua política climática e aos elevados níveis de emissões de GEE e consumo de energia. As últimas posições são ocupadas pela Coreia do Sul (58º), o Irão (59º) e a Arábia Saudita (60º) dado que não apresentam praticamente nenhum progresso ou ambição na redução das suas emissões ou uso de energia.

Este índice desenvolvido pela Germanwatch e pelo NewClimate Institute classifica 56 países e a UE, responsáveis por cerca de 90% das emissões globais de GEE. Em análise estiveram quatro categorias: emissões (40%), energias renováveis (20%), uso de energia (20%) e política climática (20%), sendo este último baseado em avaliações de especialistas por ONGs e grupos de reflexão dos respectivos países.

Apesar da descida de 7 posições neste ranking, Portugal manteve, no entanto, a avaliação de bom desempenho e segundo a associação ambientalista Quercus está “na direcção certa, especialmente ao nível das renováveis e da eficiência energética.”

Mas nem tudo são boas notícias, com a associação a alertar que há necessidade urgente de implementar medidas concretas, para assim se alcançar o compromisso do Primeiro-Ministro António Costa de “sermos neutros em emissões de GEE até ao final da primeira metade do século”.

Foto: via Creative Commons 





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