Como a CaetanoBus quer revolucionar os transportes públicos
Nos últimos anos, à medida que a mobilidade urbana passou a ser um tema incontornável na agenda das cidades, os transportes públicos receberam uma nova e importante valorização – que não tinham desde a era pré-boom do automóvel privado.
Os autocarros urbanos fazem parte de um imaginário de conforto e mobilidade – mas também de poluição sonora e atmosférica. Porém, e numa época em que se fala tanto de carros eléctricos, seria apenas uma questão de tempo até surgirem os autocarros eléctricos.
Esta inovação urbana pode ser uma realidade em Portugal já em 2011, à medida que a Salvador Caetano, através da sua subsidiária CaetanoBus, trabalha para introduzir em Vila Nova de Gaia uma frota de autocarros eléctricos.
Antes, porém, a cidade que partilha com o Porto o rio Douro irá receber um protótipo do autocarro eléctrico. É já em Setembro, segundo confirmaram recentemente aos media portugueses responsáveis da empresa.
Segundo a Salvador Caetano, o projecto vai custar oito milhões de euros, sendo o autocarro vocacionado para as grandes cidades, turismo e aeroportos, uma mercado onde a CaetanoBus tem uma forte presença através da marca Cobus.
Mas vamos por partes. Numa primeira fase, o autocarro eléctrico irá ser alimentado por baterias de lítio importadas da China, mas o objectivo é incorporar no projecto baterias produzidas em Portugal, pela Efacec.
“O desenvolvimento de melhores baterias e com maior autonomia e o anúncio, por parte do Governo, da criação de uma rede de abastecimento para o carro eléctrico levaram-nos a retomar o projecto de um autocarro 100% eléctrico”, revelou à Agência Lusa o presidente da CaetanoBus, José Ramos.
O veículo terá entre 10 a 14 metros, podendo assim transportar entre 50 a 70 passageiros. A fonte de energia permitirá aos autocarros fazerem turnos completos entre 100 a 150 quilómetros, sem necessidade de carregar, circulando a uma velocidade entre 10 a 20 quilómetros por hora.
Numa segunda fase, a CaetanoBus irá fornecer 51 autocarros de turismo ao maior operador de comboios e autocarros do Reino Unido, a National Express. Também neste caso os autocarro serão 100% eléctricos, sendo que a produção arrancará em 2011, com os primeiros 100 veículos.
No futuro, a CaetanoBus espera produzir até mil unidades por ano, o necessário para gerar uma facturação entre 40 a 50 milhões de euros por ano. Destes, 70% serão facturados através de exportações.
Esta não é a primeira vez que a CaetanoBus avança para um projecto de desenvolvimento de autocarros eléctricos. Nos anos 90, a empresa do grupo Salvador Caetano chegou a lançar um autocarro eléctrico vocacionado para os aeroportos, mas o projecto foi descontinuado devido à fraca fiabilidade das baterias.
Antes, nos anos 70, a empresa tinha já apostado nos transportes públicos movidos a electricidade, com troleicarros que circularam nas cidades do Porto e Coimbra. Esperemos que à terceira seja de vez!