Como recorrer à IA para garantir um futuro mais sustentável?
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“IA – Da Teoria à Prática”, foi o tema do evento promovido pela comunidade de alumni do The Lisbon MBA Católica|Nova, com o objetivo de proporcionar uma perspetiva prática sobre o potencial transformador da inteligência artificial. A Green Savers falou com alguns dos oradores que participaram para perceber de que forma é que Inteligência Artificial (IA) pode ser um catalisador para o desenvolvimento sustentável, criando soluções inovadoras para desafios globais e quais os maiores desafios da sua inserção.
- De que forma poderemos recorrer à IA para garantir um futuro mais sustentável?
A Inteligência Artificial (IA) pode ser um poderoso catalisador para o desenvolvimento sustentável, criando soluções inovadoras para desafios globais. Com foco em Sustentabilidade da Economia Azul em Portugal, alguns destes insights foram discutidos no Think Tank de Sustentabilidade do UNITE Summit, nomeadamente durante as apresentações da WAVEC e da Marinha, que destacaram o papel crucial da IA na preservação dos ecossistemas oceânicos e no avanço das práticas sustentáveis.
Um exemplo debatido foi a utilização de IA para monitorizar e proteger ecossistemas marinhos, como o mapeamento de recifes de coral através de imagens de satélite e drones equipados com algoritmos de aprendizagem automática. Estes sistemas conseguem identificar áreas de degradação em tempo real, permitindo intervenções mais rápidas e eficazes.
Outro caso explorado durante o evento foi a aplicação da IA na monitorização de populações de espécies marinhas ameaçadas. Algoritmos avançados analisam sons subaquáticos e imagens captadas por sensores e câmaras submersas, ajudando a identificar padrões de comportamento, migração e áreas de reprodução. Com estas ferramentas é possível criar estratégias de conservação mais eficazes e para mitigar os impactos de atividades humanas, como a pesca intensiva e a poluição marítima.
Apesar das suas contribuições positivas, os participantes do Think Tank reforçaram a importância de considerar o impacto ambiental associado ao treino e operação de modelos de IA recomendando soluções como o uso de energias renováveis para alimentar centros de dados e o desenvolvimento de algoritmos mais eficientes.
As apresentações da WAVEC e da Marinha evidenciaram como o equilíbrio entre tecnologia, inovação e responsabilidade ambiental é essencial para alinhar as aplicações da IA aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), garantindo que a tecnologia é uma aliada na preservação dos ecossistemas marinhos e na construção de um futuro mais sustentável.
Durvalino Ribeiro
Dimensão da Transição Climática do PRR
Borad Member do The Lisbon MBA, Alumi de 2019
- Como pode a IA contribuir para uma gestão sustentável, por exemplo, da água e resíduos?
A Inteligência Artificial pode ser utilizada como uma ferramenta importante para ajudar a otimizar a gestão de recursos, particularmente no contexto de modelos de economia circular que visam gerir recursos como a água e os resíduos. As estratégias de economia circular dependem frequentemente de grandes volumes de dados para funcionar de forma eficaz, sendo o seu escalonamento um desafio. A IA torna a recolha e a análise de dados mais eficientes, permitindo uma gestão mais inteligente e sustentável desses recursos através de sistemas inteligentes.
Na gestão da água, a IA pode melhorar a forma como analisamos os padrões de consumo e prevemos as necessidades futuras. Isto possibilita a otimização do uso da água em processos industriais, garantindo uma utilização eficiente e minimizando desperdícios. Ao adaptar-se a condições locais específicas, como o tipo de indústria ou a localização geográfica, a IA ajuda a identificar as soluções mais eficazes para a gestão da água, o que é particularmente relevante em regiões onde a água é escassa.
No que diz respeito à gestão de resíduos, a IA já está a ser utilizada para reconhecer e separar materiais, melhorando a reciclabilidade e a triagem de resíduos. Através do reconhecimento avançado de imagens e da análise de dados, a IA consegue identificar materiais recicláveis durante o processo de separação, otimizando a gestão de resíduos
No que diz respeito à gestão de resíduos, a IA já está a ser utilizada para reconhecer e separar materiais, melhorando a reciclabilidade e a triagem de resíduos. Através do reconhecimento avançado de imagens e da análise de dados, a IA consegue identificar materiais recicláveis durante o processo de separação, otimizando a gestão de resíduos. Isto não só aumenta a eficiência das operações de reciclagem, como também garante que mais materiais são reutilizados, contribuindo para a economia circular. A IA pode ainda conectar diferentes atores na cadeia de valor dos resíduos, facilitando uma melhor colaboração para a reutilização e a reciclagem. Ao aprofundar a análise de dados e ligar problemas específicos a soluções direcionadas, a IA acelera a transição para uma economia circular, tornando a gestão de resíduos mais sustentável e eficaz.
Lou Tamaehu-Plovier
Co-Founder and Development Manager, Circular Talent
The Lisbon MBA Alumi 2024
- Como pode a IA contribuir para a agricultura?
A IA está a transformar a agricultura em Portugal, tornando-a mais eficiente, sustentável e resiliente. A agricultura de precisão é um dos exemplos mais notáveis, combinando sensores IoT, drones e modelos preditivos alimentados por IA para otimizar recursos, aumentar a produtividade e reduzir desperdícios.
No contexto nacional, destaca-se a Agroop, uma startup portuguesa que tem vindo a revolucionar o setor agrícola através da integração de tecnologias de Inteligência Artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT). Fundada em 2014, a empresa desenvolveu uma plataforma que permite aos agricultores monitorizarem as suas culturas em tempo real, otimizando recursos e promovendo práticas agrícolas mais sustentáveis.
A IA está a transformar a agricultura em Portugal, tornando-a mais eficiente, sustentável e resiliente. A agricultura de precisão é um dos exemplos mais notáveis, combinando sensores IoT, drones e modelos preditivos alimentados por IA para otimizar recursos, aumentar a produtividade e reduzir desperdícios.
A solução da Agroop é composta por sensores IoT que recolhem dados sobre diversos parâmetros agronómicos, como humidade do solo, temperatura e condições atmosféricas. Estes dados são analisados por algoritmos de IA que fornecem recomendações precisas sobre a quantidade de água necessária para a irrigação, permitindo uma gestão hídrica eficiente e personalizada para cada tipo de cultura.
Um dos principais benefícios desta abordagem é a poupança significativa de água e energia. Ao regar apenas quando e onde é necessário, os agricultores conseguem reduzir o consumo de recursos hídricos e energéticos, contribuindo para a sustentabilidade ambiental e económica das explorações agrícolas. Além disso, a aplicação precisa de água melhora o vigor das plantas, tornando-as mais resistentes a doenças e pragas, o que se traduz em colheitas mais homogéneas e rentáveis.
O impacto da Agroop no setor agrícola tem sido amplamente reconhecido. A empresa foi distinguida como uma das melhores empresas de AgriTech da Europa pela plataforma dinamarquesa Valuer, sendo a única representante portuguesa entre as 22 startups destacadas e um exemplo que seguimos de perto no nosso Think Tank de Sustentabilidade.
Durvalino Ribeiro
Dimensão da Transição Climática do PRR
Borad Member do The Lisbon MBA, Alumi de 2019
4- O setor das energias renováveis será aquele que mais irá beneficiar do uso da IA?
Quando falamos em energias renováveis, referimo-nos essencialmente a fontes como energia solar, eólica, hidrelétrica, geotérmica e biomassa. Focando na componente de eletricidade renovável, as redes elétricas de cada país integram, no seu mix de produção, fontes renováveis e não renováveis, utilizadas para atender à procura de eletricidade, essencial para o nosso dia a dia.
A introdução da inteligência artificial (IA) neste universo de produtores e consumidores de eletricidade renovável oferece a oportunidade de aumentar ainda mais a eficiência e robustez deste mercado, já maduro e funcional. Modelos baseados em IA podem trazer avanços em áreas como previsão de oferta e procura, otimização de decisões de trading, definição de preços, integração de fontes renováveis na rede e decisões de armazenamento.
O mix elétrico que sustenta a oferta e a procura diária baseia-se numa vasta quantidade de informações e inputs, que apoiam tanto os produtores na tomada de decisão como a gestão da rede e o funcionamento do mercado de compra e venda de eletricidade. Este mercado, bem como as entidades responsáveis pela gestão da rede, atingiu um nível elevado de sofisticação nos modelos que utilizam, acumulando décadas de conhecimento para maximizar os benefícios tanto para produtores quanto para consumidores.
A introdução da inteligência artificial (IA) neste universo de produtores e consumidores de eletricidade renovável oferece a oportunidade de aumentar ainda mais a eficiência e robustez deste mercado, já maduro e funcional. Modelos baseados em IA podem trazer avanços em áreas como previsão de oferta e procura, otimização de decisões de trading, definição de preços, integração de fontes renováveis na rede e decisões de armazenamento.
Embora, num mercado de produção centralizada e consolidada, os ganhos associados ao uso de IA em sistemas de geração de larga escala possam ser mais limitados, o cenário muda quando olhamos para o universo da geração descentralizada. Neste contexto, consumidores que também atuam como produtores (prosumers) tornam-se parte ativa do sistema, utilizando seus ativos (como painéis solares, baterias, veículos elétricos, eletrodomésticos) para oferecer flexibilidade ao sistema elétrico. Essa flexibilidade inclui:
- Ajustar a geração de energia (produzir mais ou menos eletricidade em horários específicos).
- Modificar o consumo (consumir mais ou menos energia em função da disponibilidade ou custo).
- Utilizar armazenamento (guardar energia em baterias para uso posterior, conforme necessário).
O uso de IA neste ecossistema descentralizado, automatizando e otimizando decisões sem a intervenção direta dos utilizadores, beneficiará todos os envolvidos: consumidores, produtores e o próprio sistema elétrico, promovendo um futuro mais sustentável, eficiente e descarbonizado.
João Wang de Abreu
Business Unit Manager at Smart Energy Lab
The Lisbon MBA Alumi 2019
- Como introduzir o uso de IA de uma forma continuada?
A introdução da IA de forma continuada requer uma abordagem estratégica e adaptada às especificidades de cada setor, especialmente em indústrias com um legado profundo. Durante o Think Tank de Sustentabilidade do UNITE Summit, Nuno Santos, CEO da Lisnave, partilhou um exemplo inspirador de como uma indústria tradicional, como a reparação naval, planeia incorporar soluções inovadoras de IA nas suas operações, avançando de forma gradual e estratégica, respeitando o ritmo próprio do setor.
A introdução da IA de forma continuada requer uma abordagem estratégica e adaptada às especificidades de cada setor, especialmente em indústrias com um legado profundo.
A abordagem da Lisnave baseia-se em pilares fundamentais. Em primeiro lugar, a capacitação e formação interna desempenham um papel crucial, com investimentos na qualificação das equipas para integrar tecnologias como a IA nas operações diárias. Este foco no crescimento das competências humanas assegura um equilíbrio entre tradição e inovação, permitindo uma transição mais eficaz. Em segundo lugar, a empresa tem apostado em parcerias estratégicas, como colaborações com universidades e centros de investigação, que possibilitam explorar novas formas de aplicar IA em áreas como o diagnóstico de equipamentos, a análise preditiva de manutenção e a otimização de processos operacionais. Estas parcerias ajudam a conectar o conhecimento técnico ao know-how do setor.
Além disso, a Lisnave adota uma abordagem de inovação incremental, testando inicialmente em projetos-piloto antes de expandir a sua aplicação. Este método seguro permite explorar o potencial da IA em tarefas como o uso de sensores IoT e algoritmos para monitorizar equipamentos em tempo real, prever falhas e reduzir paragens inesperadas, resultando em maior eficiência operacional sem comprometer os padrões de qualidade e segurança. Por fim, a empresa dá grande importância à monitorização contínua, utilizando sistemas de auditoria para garantir que as soluções implementadas estão alinhadas com os objetivos de eficiência energética, redução de desperdícios e sustentabilidade.
Durvalino Ribeiro
Dimensão da Transição Climática do PRR
Borad Member do The Lisbon MBA, Alumi de 2019
- Qual o papel das empresas e universidades na adopção de IA?
As empresas e universidades desempenham papéis complementares na adoção e desenvolvimento da IA criando um ecossistema colaborativo essencial para impulsionar inovação e progresso. Um exemplo de destaque neste contexto é o The Lisbon MBA, um programa internacional de excelência que resulta da parceria entre a Nova SBE, a Católica Lisbon School of Business and Economics e a MIT Sloan School of Management. Este programa tem sido um verdadeiro impulsionador da inovação, tanto no mercado nacional como internacional, graças à combinação de uma sólida formação académica, práticas empresariais avançadas e uma forte rede de alumni.
Enquanto as empresas lideram a aplicação prática da IA, as universidades são o berço da criação de conhecimento e da formação de talentos que moldam o futuro da tecnologia.
Enquanto as empresas lideram a aplicação prática da IA, as universidades são o berço da criação de conhecimento e da formação de talentos que moldam o futuro da tecnologia. A parceria entre instituições de prestígio, como as envolvidas no The Lisbon MBA, exemplifica como programas colaborativos conseguem unir o melhor de dois mundos: o rigor académico e a aplicabilidade prática.
O The Lisbon MBA vai além da formação tradicional, promovendo a transferência de conhecimento entre academia e indústria. Este programa cria uma plataforma única para o desenvolvimento de líderes capazes de adotar e implementar a IA de forma ética e estratégica, fortalecendo a competitividade das empresas e fomentando um impacto global. A rede de alumni do programa é um ativo incomparável, composta por profissionais que lideram em diversas áreas e que, em conjunto, formam um ecossistema de partilha de ideias, oportunidades e inovação.
The Lisbon MBA demonstra que a colaboração entre universidades e empresas é crucial para acelerar a adoção responsável da IA e garantir que o seu potencial seja explorado em benefício da sociedade. Esta parceria única não só posiciona Portugal como um centro de excelência em gestão e inovação, mas também projeta a sua influência para além das fronteiras, promovendo impacto positivo a nível global.
Durvalino Ribeiro
Dimensão da Transição Climática do PRR
Borad Member do The Lisbon MBA, Alumi de 2019
- Quais os maiores desafios da inserção de IA?
A utilização da Inteligência Artificial (IA) para promover a sustentabilidade deve considerar cuidadosamente o impacto nos três pilares da sustentabilidade: social, ambiental e económico. Embora a IA ofereça benefícios económicos significativos, os seus efeitos no ambiente e na sociedade precisam de ser monitorizados para garantir uma utilização responsável. Uma das principais preocupações é o consumo de energia necessário para treinar e operar modelos de IA, especialmente os mais complexos. Este problema é semelhante às preocupações levantadas em relação à tecnologia blockchain, cuja elevada procura energética gerou dúvidas sobre a sua legitimidade ambiental. Com o aumento da adoção da IA, a otimização do seu uso energético torna-se essencial para evitar um efeito de rebote — em que a tecnologia, concebida para resolver problemas ambientais, acaba por agravá-los.
A automação impulsionada pela IA estará na origem da substituição de empregos, tornando essencial o investimento em programas de requalificação e na preparação dos trabalhadores para novas funções.
Outro desafio é que os sistemas de IA são frequentemente concebidos com base no acesso a dados, mas nem todas as regiões ou indústrias têm a mesma disponibilidade de dados ou infraestruturas. Este facto representa um risco significativo de que as análises e soluções orientadas por IA possam não ser inclusivas, deixando regiões com menor acesso a dados fora dos processos decisórios críticos. Sem os dados necessários para alimentar estes sistemas, muitas áreas podem ser negligenciadas nos esforços mais amplos para promover a sustentabilidade, resultando em desfechos inequitativos.
Para além destas preocupações ambientais e relacionadas com o acesso, as implicações sociais do uso da IA são significativas, nomeadamente no mercado de trabalho, onde têm gerado grandes preocupações. A automação impulsionada pela IA estará na origem da substituição de empregos, tornando essencial o investimento em programas de requalificação e na preparação dos trabalhadores para novas funções.
Lou Tamaehu-Plovier
Co-Founder and Development Manager, Circular Talent
The Lisbon MBA Alumi 2024
8- O uso da IA também pode ter um impacto negativo mo meio ambiente. Um estudo publicado na revista Nature Climate Change, em 2022, estimou que a IA poderá representar 10% das emissões globais de gases de efeito estufa até 2040. Como é que deve ser feito para evitar maiores perdas?
O conhecimento que possuímos atualmente baseia-se em modelos de inteligência artificial (IA) que requerem uma elevada capacidade de processamento, tanto para o treino quanto para a geração de modelos utilizados em aplicações que já fazem parte do nosso dia a dia. Essa capacidade de processamento exige um consumo significativo de eletricidade, alimentando data centers, GPUs (unidades de processamento gráfico), sistemas de armazenamento, sistemas de arrefecimento e toda a infraestrutura de suporte necessária.
Embora seja inegável que estes equipamentos e infraestruturas consumam grandes quantidades de energia, o impacto ambiental pode ser mitigado quando a eletricidade utilizada provém de fontes renováveis. Grandes empresas tecnológicas têm investido fortemente em energia renovável para alimentar estas operações, e algumas, como a Microsoft, estão até a revisitar a possibilidade de recorrer até mesmo à energia nuclear (uma fonte que, apesar dos seus pontos negativos conhecidos, não emite GEE).
Se a eletricidade necessária para alimentar toda essa infraestrutura não for proveniente de fontes limpas, podemos sim enfrentar um grave problema relacionado com emissões de GEE.
Por outro lado, se a eletricidade necessária para alimentar toda essa infraestrutura não for proveniente de fontes limpas, podemos sim enfrentar um grave problema relacionado com emissões de GEE. No entanto, as tecnologias renováveis já estão suficientemente maduras e economicamente viáveis para que seja possível recorrer a energia limpa no suporte à infraestrutura de IA.
Neste contexto, os decisores políticos desempenham um papel crucial ao criar condições que incentivem o uso de energias renováveis para alimentar estes sistemas energeticamente intensivos. Além disso, é importante atrair este tipo de investimentos para países com um mix energético predominantemente renovável, como Portugal, que pode se posicionar estrategicamente para captar uma parcela deste crescente mercado.
João Wang de Abreu
Business Unit Manager at Smart Energy Lab
The Lisbon MBA Alumi 2019
- De que forma é que se pode garantir que a IA é utilizada de um modo seguro e em cumprimento da lei, incluindo em matéria de respeito aos direitos fundamentais?
A segurança e o cumprimento da lei na utilização da IA são temas centrais para garantir uma adoção responsável e ética desta tecnologia. Este tema foi amplamente debatido durante o Main Stage do UNITE Summit, que contou com representantes dos seis Think Tanks do evento, destacando o papel fundamental do AI Act da União Europeia. Este regulamento pioneiro estabelece um conjunto abrangente de regras para assegurar transparência, avaliação de riscos e proteção dos direitos fundamentais no desenvolvimento e implementação da IA.
O AI Act foi elogiado como uma referência global na regulação da IA, sublinhando a importância de criar um enquadramento que equilibre inovação tecnológica com a proteção de valores éticos e sociais. Este regulamento promove a criação de mecanismos de auditoria e certificação, exigindo que as organizações analisem continuamente os riscos associados aos seus sistemas de IA e implementem salvaguardas para garantir a conformidade com padrões éticos e legais. Durante o Summit, foram discutidos exemplos de boas práticas, como o trabalho da IBM, que lidera auditorias internas e externas para assegurar a conformidade ética das suas soluções de IA.
A segurança e o cumprimento da lei na utilização da IA são temas centrais para garantir uma adoção responsável e ética desta tecnologia.
Outro ponto central abordado no Main Stage foi a necessidade de uma governança ética, destacada como essencial para orientar a utilização da IA de forma responsável. A criação de frameworks, como os desenvolvidos pelo Centro de Ética em IA da Universidade de Oxford, serve como inspiração para alinhar as práticas das organizações com valores fundamentais, promovendo a confiança nas tecnologias emergentes.
Adicionalmente, a educação e sensibilização pública foram identificadas como pilares cruciais para o sucesso da implementação segura da IA. Sensibilizar a sociedade sobre os benefícios e riscos desta tecnologia não só fomenta a sua aceitação, como também prepara cidadãos e organizações para lidarem com os desafios éticos e legais que surgem. Durante o Summit, ficou claro que este esforço coletivo requer a colaboração entre reguladores, empresas, academia e sociedade civil.
O debate no UNITE Summit também salientou algumas das possíveis limitações do AI Act no desenvolvimento da IA, especialmente face à crescente liberalização e desregulação já anunciadas pelos Estados Unidos e pela China. Estes diferentes ritmos regulatórios podem impactar a competitividade da União Europeia no panorama global, levantando questões sobre como equilibrar inovação e segurança sem comprometer a posição da Europa na liderança tecnológica.
Durvalino Ribeiro
Dimensão da Transição Climática do PRR
Borad Member do The Lisbon MBA, Alumi de 2019
- “IA – Da Teoria à Prática”, é o tema do evento promovido pela comunidade de alumni do The Lisbon MBA Católica|Nova. Quão longe estamos da prática?
Embora a IA já esteja a transformar diversos setores, os insights partilhados pelo Professor Miguel Godinho de Matos na masterclass do UNITE Summit sublinham que estamos ainda nas fases iniciais de desenvolvimento do seu verdadeiro potencial. Apesar de ser uma ferramenta revolucionária, capaz de abordar desafios complexos e promover a inovação, grande parte do impacto da IA permanece limitado por barreiras tecnológicas, infraestruturais e organizacionais.
Apesar de ser uma ferramenta revolucionária, capaz de abordar desafios complexos e promover a inovação, grande parte do impacto da IA permanece limitado por barreiras tecnológicas, infraestruturais e organizacionais.
O Professor destacou que a IA, apesar dos avanços alcançados, ainda enfrenta desafios significativos para alcançar uma implementação generalizada e eficaz. Muitos projetos continuam em fases experimentais, onde os benefícios e as aplicações ainda não são plenamente explorados. Para que a transição do potencial ao impacto real seja concretizada, é necessário investir no desenvolvimento de infraestruturas, na capacitação das organizações e no avanço dos modelos de IA para suportar aplicações mais complexas e escaláveis.
O UNITE Summit trouxe à discussão a necessidade urgente de superar estas barreiras e de promover uma adoção mais estratégica da IA, de forma a garantir que esta tecnologia tenha um impacto significativo e mensurável. Estamos apenas no início de uma jornada de transformação tecnológica que, com a colaboração entre academia, empresas e governos, poderá desbloquear benefícios significativos para a sociedade e a economia.
Durvalino Ribeiro
Dimensão da Transição Climática do PRR
Borad Member do The Lisbon MBA, Alumi de 2019