Compensação de emissões globais com plantação de árvores pode não ser viável



Para compensar as emissões de gases com efeito de estufa resultantes da queima das reservas de petróleo, gás e carvão das 200 maiores empresas de energia fóssil do mundo seria preciso plantar novas florestas com uma área maior do que a da América do Norte.

A estimativa é feita por um trio de investigadores da Escola Superior de Ciências Económicas e Comerciais (ESSEC), em França, e da Universidade de Exeter, no Reino Unido, num artigo publicado recentemente na revista ‘Communications Earth & Environment’.

As estratégias de ação climática têm por base não apenas a redução das emissões, mas também a compensação dessas mesmas emissões. Isto, porque se estima que, mesmo durante a transição energética, será queimada pelo menos parte dos cerca de 180 mil milhões de toneladas de combustíveis fósseis atualmente nas reservas das empresas desse ramo energético.

Plantar árvores é visto como uma forma de compensar essas emissões, especialmente porque é algo simples de fazer, sem custos de maior associados e também por terem efeitos reputacionais mais tangíveis, uma vez que uma floresta se consegue facilmente ver, ao passo que uma pradaria de ervas marinhas é mais difícil de avistar.

Os investigadores calculam que seria preciso florestar uma área com ais de 24,75 milhões de quilómetros quadrados para ser possível compensar as emissões que podem ser geradas se as reservas dessas 200 maiores empresas de combustíveis fósseis vierem a ser, realmente, consumidas.

Tal empreendimento, de uma magnitude continental, só seria possível argumentam os autores, mediante a deslocação de comunidades e populações, a inviabilização de áreas agrícolas e a disrupção de habitats naturais que já existem.

Além disso, o custo que as empresas teriam de suportar para implementar tal plano seria, muito provavelmente, a sua ruína financeira, com os investigadores a estimarem que 64% das maiores empresas de combustíveis fósseis perderiam todo o seu valor de mercado.

Assim, a equipa considera que seria “mais economicamente lucrativo” as empresas, pura e simplesmente, pararem de explorar combustíveis fósseis, do que estar a extraí-los e a compensar as emissões daí geradas. E declara que a plantação de árvores, apesar de poder ser mais financeiramente viável do que a remoção e captura de carbono da atmosfera com tecnologias caras, “representa desafios incontornáveis” o que diz respeito aos usos do solo, à segurança alimentar e aos impactos nos ecossistemas, e não é uma solução mágica para a redução da concentração atmosférica de gases com efeito de estufa de origem humana.






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