COP30: Jovens portugueses com participação recorde na COP e um delegado oficial
A participação dos jovens portugueses nas conferências das alterações climáticas da ONU quase quintuplicou em dois anos e Portugal tem pela primeira vez um delegado jovem nas negociações, mas a ambição do representante da juventude não fica por aqui.
“Este ano somos das maiores delegações de jovens, temos 24 jovens portugueses” na 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), a decorrer até sexta-feira na cidade de Belém, na Amazónia brasileira, disse o primeiro delegado jovem português, Pedro Sereno.
Em declarações à Lusa após uma conversa com os jovens portugueses na COP30, o ativista recordou que na primeira vez em que participou numa destas conferências anuais, a COP28, em 2023 no Dubai, havia apenas três delegações portuguesas de jovens, num total de cinco jovens.
Depois dessa primeira experiência, foi convidado a participar na COP29, no Azerbaijão, e desde então desenvolveu contactos com a Youngo, a organização oficial da juventude na Convenção-Quadro da ONU para as Alterações Climáticas (UNFCCC), que tem 15 mil jovens de todo o mundo.
A Youngo é a principal forma de acesso dos jovens às COP e é reconhecida pelas presidências das conferências, que tem reuniões diárias com a organização.
Através dela, Pedro Sereno foi chamado a participar na delegação oficial de Portugal na COP30, como delegado jovem, e por isso participa nas negociações oficiais, em concreto no tema da definição de género e da ação para o clima, contou no encontro com jovens portugueses que decorreu hoje de manhã no pavilhão de Portugal.
À Lusa, disse que esta experiência tem sido “de grande aprendizagem” e manifestou “grande expectativa” de ver como, ao longo das negociações, vão ser integradas nos documentos que saírem da COP30 as propostas apresentadas pelos jovens.
O jovem ambientalista defendeu que a participação dos jovens na COP30 tem uma dupla função: “Sentimos que os jovens podem trazer um grande ‘input’ e estamos também a preparar os negociadores do futuro”.
“Estando sujeitos a estes temas desde muito cedo”, é mais provável que continuem ativos no futuro.
Pedro Sereno contou que os jovens de todo o mundo reunidos na Youngo partilham a “preocupação com o futuro partilhado” e apresentaram uma posição comum à presidência da COP30, em que pedem nomeadamente o reconhecimento e institucionalização da equidade intergeracional como um princípio fundador e uma obrigação ética e legal.
Sobre o que gostaria de ver mudar nestas conferências, Pedro Sereno defendeu “uma tradução e uma simplificação dos processos” para a sociedade civil, que muitas vezes não entende bem o que se passa nestas reuniões, dificultando a compreensão da importância do tema das alterações climáticas.
Este esforço de tradução e simplificação, defendeu, tem de passar por um esforço de todos, associações de jovens, ‘media’, governos e organizações.
O jovem ativista manifestou ainda “muita esperança” de que Portugal continue a levar delegados jovens às COP, defendendo que isso faz “muita diferença” na participação de Portugal, quando comparado com os anos anteriores.
Espera ainda que, no futuro, seja possível aumentar a participação para dois delegados jovens, para permitir uma aprendizagem a quem vier de novo e “aliviar a equipa de negociadores”.