Descoberta a cratera de impacto mais antiga do mundo

Investigadores da Universidade de Curtin descobriram a cratera de impacto de meteoritos mais antiga do mundo, o que poderá redefinir significativamente a nossa compreensão das origens da vida e da forma como o nosso planeta foi moldado.
A equipa da Escola de Ciências da Terra e Planetárias da Curtin investigou camadas de rocha no North Pole Dome – uma área da região de Pilbara, na Austrália Ocidental – e encontrou provas de um grande impacto de meteorito há 3,5 mil milhões de anos.
O Professor Tim Johnson, da Universidade de Curtin, co-líder do estudo, afirma que a descoberta desafiava significativamente os pressupostos anteriores sobre a história antiga do nosso planeta.
“Antes da nossa descoberta, a cratera de impacto mais antiga tinha 2,2 mil milhões de anos, pelo que esta é, de longe, a mais antiga cratera conhecida alguma vez encontrada na Terra”, afirma Johnson.
Os investigadores descobriram a cratera graças aos “cones de estilhaçamento”, formações rochosas distintas que só se formam sob a pressão intensa da queda de um meteorito.
Os cones de estilhaçamento no local, a cerca de 40 quilómetros a oeste de Marble Bar, na região de Pilbara, no estado de Washington, formaram-se quando um meteorito embateu na área a mais de 36 000 km/h.
Este teria sido um acontecimento planetário de grandes proporções, resultando numa cratera com mais de 100 km de largura que teria enviado detritos para todo o globo.
“Sabemos que os grandes impactes eram comuns nos primórdios do sistema solar, olhando para a Lua”, diz o Professor, sublinhando que, “até agora, a ausência de crateras verdadeiramente antigas significa que são largamente ignoradas pelos geólogos”.
“Este estudo fornece uma peça crucial do puzzle da história do impacto da Terra e sugere que pode haver muitas outras crateras antigas que podem ser descobertas ao longo do tempo”, aponta.
O coautor principal, o Professor Chris Kirkland, também da Escola de Ciências da Terra e Planetárias de Curtin, diz que a descoberta lança uma nova luz sobre a forma como os meteoritos moldaram o ambiente inicial da Terra.
“Descobrir este impacto e encontrar mais do mesmo período de tempo pode explicar muito sobre como a vida pode ter começado, uma vez que as crateras de impacto criaram ambientes favoráveis à vida microbiana, tais como piscinas de água quente”, explica Kirkland.
“Também refina radicalmente a nossa compreensão da formação da crosta: a enorme quantidade de energia deste impacto pode ter desempenhado um papel na formação da crosta terrestre primitiva, empurrando uma parte da crosta terrestre para debaixo de outra, ou forçando o magma a subir das profundezas do manto terrestre para a superfície”, acrescenta.
“Pode até ter contribuído para a formação dos cratões, que são massas de terra grandes e estáveis que se tornaram a base dos continentes”, conclui.
‘A Paleoarchean impact crater in the Pilbara Craton, Western Australia’ foi publicado na Nature Communications.