É preciso manter “mente aberta” sobre a existência de consciência nos animais, dizem filósofos



Perceber como funciona a mente dos animais pode ajudar a aprofundar o conhecimento que temos sobre como funciona a própria mente humana e desvendar os mistérios da consciência.

Um trio de filósofos dos Estados Unidos da América, Canadá e Reino Unido, num artigo publicado na revista ‘Science’, defende que é possível avaliar a consciência em não-humanos ao procurar nos animais os mesmos traços comportamentos e anatómicos que estão associados aos processos de consciência em humanos. Por outras palavras, é tentar perceber se os animais exibem características que nos humanos são sinal de uma consciência, no sentido em que o indivíduo está ciente da sua própria existência por relação aos outros e ao ambiente, dos seus pensamentos e sentimentos.

“Quando os humanos e outros animais demonstram comportamentos semelhantes e quando a melhor explicação para esses comportamentos nos humanos envolve experiência consciente, então pode considerar-se que tal evidencia (…) a experiência consciente também nos animais”, explicam Kristin Andrews, Jonathan Birch e Jeff Sebo, no artigo.

Os três autores são também os promotores da “Declaração de Nova Iorque sobre a Consciência Animal”, apresentada no ano passado e que conta já com mais de 500 signatários, e que estipula que existem evidências científicas que suportam a atribuição de experiência consciente a outros mamíferos e a aves, e que a experiência consciente pode também estar presente em todos os vertebrados e em muitos invertebrados.

Além disso, defendem, “quando à uma possibilidade realista de experiência consciente num animal, é irresponsável ignorar essa possibilidade em decisões que afetam esse animal”, sobretudo no que diz respeito ao seu bem-estar.

Embora no campo dos estudos sobre a consciência ainda não se tenha conseguido chegar a uma teoria unificada que permita definir exatamente o que é a consciência e sobre se é possível de ocorrer no reino animal, os autores acreditam que a evolução do conhecimento nessa área permitirá, a seu tempo, perceber se é possível identificar, cientificamente, a existência de consciência em animais não-humanos. E têm esperança que tal venha mesmo a acontecer.

“A ideia de que existe uma ‘possibilidade realista’ de consciência em todos os vertebrados e em muitos invertebrados pode eventualmente dar lugar a uma linguagem mais confiante”, escrevem os filósofos no artigo. Contudo, “enquanto as evidências forem limitadas e contraditórias, é importante manter uma mente aberta e procurar saber mais”, salientam.





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