Emissões das viagens aéreas das empresas diminuiram, portuguesas entre as piores

As emissões de gases com efeito de estufa (GEE) das viagens aéreas em trabalho das maiores empresas globais caíram 34% entre 2019 e 2023 mas as empresas portuguesas continuam entre as piores classificadas.
De acordo com o último ranking de emissões aéreas em trabalho, a quarta edição da “Campanha Viajar Responsavelmente” divulgada hoje, a portuguesa EDP duplicou emissões no período em questão.
Segundo a associação ambientalista Zero, que integra a campanha e que hoje divulgou o ranking num comunicado, as empresas portuguesas além de estarem entre as piores classificadas também não têm metas para a redução das emissões das viagens de trabalho.
De acordo com a Zero, se as multinacionais estão agora a viajar menos de avião ainda há 44% das 326 empresas classificadas no ranking que não estabeleceram as metas para a redução das emissões, o que é, diz a associação, “especialmente preocupante” para empresas mais poluidoras, como a EDP, que duplicou as emissões face a 2019, ou a GALP, cujas emissões aumentaram 13%.
Em relação às 13 empresas portuguesas que fazem parte do ranking, numa classificação em que A significa melhor classificação e D a pior, 11 obtiveram a classificação C e duas estão mesmo na pior, a classificação D (Altri SGPS e Mota Engil).
Na análise, a Zero diz que, apesar de algumas melhorias de posição, as empresas portuguesas CGD, Efacec Energia, NOS, Jerónimo Martins, Sonae, EDP, Corticeira Amorim e Mota Engil não conseguiram sair do grupo das que estão pior classificadas (classificação C e D).
A melhor classificação nacional vai para a Caixa Geral de Depósitos, que reduziu em 24% as suas emissões de viagens de trabalho em 2023 em relação a 2019, diz-se no comunicado, notando-se também que o fraco desempenho das empresas portuguesas contrasta com a melhor situação das homólogas espanholas, francesas, britânicas e alemãs.
“Como ano após ano, a generalidade das empresas portuguesas continua a não cumprir as suas responsabilidades climáticas, a ZERO urge estas empresas” a definirem metas para reduzir as emissões das viagens aéreas, a incluírem os efeitos não-dióxido de carbono (CO2) no reporte das suas emissões, e a implementarem e publicarem as medidas para a concretização das metas definidas.
A Zero dá como exemplos de medidas exequíveis privilegiar o comboio em detrimento das viagens aéreas nas ligações Lisboa – Porto e Lisboa – Faro, e substituir reuniões presenciais por videoconferência.
Em termos gerais o ranking identifica as 25 grandes empresas globais sem metas estabelecidas e com maior pegada ambiental de viagens aéreas em trabalho, nas quais se incluem a Google e a Apple.
As 25 empresas, algumas, alerta a Zero, que se afirmam como “líderes verdes”, não têm definido metas “apesar dos seus voos emitirem anualmente um total de 6,9 milhões de toneladas de dióxido de carbono – o equivalente à pegada climática de 48.000 voos entre Paris e Nova Iorque ou 1,3 vezes as emissões anuais na Bélgica”.
Pelo menos 19 dessas empresas ou os seus dirigentes, possuem ou utilizam jatos privados, como é o caso da Johnson & Johnson e da Meta. Acrescenta o comunicado que também o desempenho da Merck e da Bosch, com aumentos de 29% e 3% nas suas emissões, respetivamente, “é particularmente dececionante”.
Empresas como a Swiss RE e a gigante sueca da energia Vattenfall, que lideram no bom desempenho, mostraram “que é possível viajar menos de avião e continuar a ser economicamente bem sucedida”, segundo o documento.
A Swiss Re estabeleceu metas em 2020 e reduziu as emissões em 67% desde 2019 com medidas como a definição de orçamentos anuais para emissões de viagens nas suas unidades de negócio.
A análise dos dados do ranking mostra que as empresas que estabelecem metas conseguem geralmente reduções mais significativas nas emissões das suas viagens aéreas em trabalho.
O ranking Viajar Responsavelmente – https://travelsmartcampaign.org/ranking/ – classifica 326 empresas norte-americanas, europeias e indianas de acordo com 11 indicadores. Na edição deste ano, 16 empresas obtiveram a classificação A, 40 a classificação B, tendo a esmagadora maioria recebido a classificação C (230), e 42 empresas obtiveram a classificação D.