Emprego verde representa 13,2% do emprego total em Portugal em 2019



O emprego verde representava em Portugal 13,2% do emprego total em 2019, com presença sobretudo nos setores ligados à energia, construção e transportes e associado a cargos de liderança, segundo um estudo que será divulgado hoje.

Estas são algumas das conclusões do sumário executivo do estudo “A economia verde e a evolução do mercado de trabalho em Portugal”, realizado pelo Centro de Relações Laborais (CRL), em colaboração com a Universidade do Minho.

O estudo da autoria de Francisco Carballo-Cruz, João Cerejeira, Rita Sousa e Sergey Volozhenin indica que 5,7% do emprego verde considerado (cerca de 145 mil trabalhadores) estão em profissões “com procura aumentada”, ou seja, onde não se espera uma mudança significativa nas tarefas e competências, mas onde é esperado uma subida do emprego devido ao processo de descarbonização da economia.

Já a percentagem do emprego em profissões que irão sofrer alterações de competências é de 5,9% (150 mil efetivos), enquanto a percentagem do emprego em profissões novas ou emergentes durante o processo de transição energética é de 1,6% (42 mil efetivos), indica o estudo.

Os setores mais afetados com o processo de descarbonização da economia são o setor da “eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio”, com quase 40% do seu emprego em profissões verdes em 2019, seguindo-se o setor da construção e o dos transportes e armazenagem, com 26% e 25% do emprego, respetivamente.

O estudo refere ainda que os setores com maior percentagem de emprego com um aumento da procura são a “eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio” (23%), as indústrias transformadoras (13%) e a construção (11% do emprego).

Por sua vez, os setores onde se perspetiva uma maior necessidade de reconversão de competências são o dos transportes e armazenagem (16%), o da “captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição” (15%) e “atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares” (10%).

As ocupações novas e emergentes associadas à economia verde têm, por seu lado, maior expressão nos setores de “eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio”, na construção, e nas “atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares”, com 7%, 6% e 3%, respetivamente.

Os setores de “fabricação de veículos automóveis, reboques, semirreboques e componentes para veículos automóveis” e de “fabricação de outro equipamento de transporte” são aqueles onde é esperada uma maior necessidade de reconversão profissional, com mais de 25% dos seus trabalhadores em profissões nesta situação.

O estudo refere ainda que a proporção de homens em ocupações verdes era de 18,7%, quase o triplo da de mulheres (6,5%), acrescentando ainda que “quanto maior a idade, maior a proporção de trabalhadores em empregos verdes”.

“As necessidades de requalificação são mais evidentes no grupo dos trabalhadores mais velhos, com idade superior a 45 anos” e “os trabalhadores mais jovens têm maior presença em profissões com procura aumentada”, pode ler-se no documento.

Os autores concluem ainda que “quase 14% dos trabalhadores com ensino superior estão em ocupações verdes, um valor superior aos 11,9% dos trabalhadores com ensino secundário, embora próximo dos 13,6% dos trabalhadores com níveis de escolaridade inferiores ao ensino secundário”.

A análise regional mostra uma maior importância do emprego verde nas regiões Centro, Alentejo e Norte, refletindo o perfil de especialização nos setores da indústria transformadora, construção e energia.

Quanto aos salários, o estudo avança que os empregos verdes tendem a ser mais bem pagos, indicando que “aproximadamente um quinto dos trabalhadores com ganhos mensais situados no quartil mais elevado (quarto quartil) estão em empregos verdes, enquanto que no primeiro quartil essa percentagem não alcança os 9%”.

O grupo de profissional com maior proporção de empregos verdes (28,1%) é o dos “representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, diretores e gestores executivos”, na sua maioria pertencentes a profissões com competências alteradas.

Em valor absoluto, o grupo com maior número de trabalhadores verdes é o dos “trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices”, com um valor próximo dos 70 mil.

Em contraste, no grupo profissional com maior número de trabalhadores, o dos “trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores”, apenas 0,7% estão em ocupações verdes.

Relativamente às empresas que empregam trabalhadores com empregos verdes, estas tendem a ser de maior dimensão, a ter maior percentagem de capital estrangeiro e a acumular um maior nível de antiguidade.

Os autores do estudo afirmam que “existe um elevado grau de incerteza relativamente à evolução futura dos processos de transição energética e climática” e também quanto “aos impactos quantitativos da transição para uma economia de baixo carbono sobre os mercados de trabalho de vários setores”.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...