Investigador da Universidade do Algarve revela padrões essenciais para a proteção das raias



Sebastian Kraft, do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve (CCMAR), revelou, durante o trabalho de investigação para a sua tese de doutoramento, como as raias se movimentam no Parque Marinho Luiz Saldanha, parte do Parque Natural da Arrábida.

O estudo, depois publicado na revista ‘Marine Biology’ em forma de artigo e com a coautoria dos seus orientadores, focou-se nos padrões de movimento de três espécies: a raia-lenga (Raja clavata), o ratão-comum (Dasyatis pastinaca) e a raia-tairoga (Rostroraja alba).

De acordo com a informação divulgada pelo CCMAR, através do recurso a telemetria acústica passiva, Sebastian Kraft investigou como estas espécies utilizam o parque ao longo do tempo e avaliou a eficácia desta área marinha protegida na sua conservação.

Raia-tairoga (Rostroraja alba), Parque Marinho Luiz Saldanha.
Foto: CCMAR

“Muitas destas espécies têm ciclos de vida lentos, o que as torna menos capazes de resistir aos efeitos da sobrepesca, que é atualmente o maior problema que enfrentam”, explica o investigador.

Para atenuar esse desafio, as áreas marinhas protegidas (AMPs) são fundamentais, mas raramente consideram espécies altamente móveis e mais suscetíveis de sair dos limites de uma área protegida, consideram os autores. Este conjunto de fatores torna a conservação dos elasmobrânquios mais difícil.

Ao registar os movimentos diários e sazonais dessas raias, o cientista descobriu que o ratão-comum encontra refúgio no parque durante o inverno, mas migra para o estuário do Sado na primavera. Por seu lado, a raia-tairoga juvenil usa o parque como berçário, mas os adultos estão ausentes, indicando que recorrem a outras áreas.

Investigador Sebatian Kraft com uma raia-lenga (Raja Clavata).
Foto: CCMAR

Ainda, a investigação mostrou que as fêmeas da raia-lenga são menos frequentes na área, sugerindo uma proteção desigual dentro do parque.

“Estes resultados mostraram que o parque marinho é importante para diferentes fases demográficas e de vida de cada espécie,” explica Sebastian Kraft.

Com dados concretos em mãos, o investigador e a equipa acreditam que é possível ajustar as regulamentações do Parque Marinho Luiz Saldanha para proteger melhor estas espécies, considerando os períodos de maior vulnerabilidade e explorando a proteção complementar de áreas adjacentes.






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