Investigadora da UC colabora em livro que destaca a urgência da conservação da flora única de São Tomé e Príncipe



Maria do Céu Madureira, investigadora do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da Universidade de Coimbra, colaborou no “Livro Vermelho das Espécies Endémicas de São Tomé e Príncipe”.

O trabalho resulta do projeto “Characterization of the threatened flora of São Tomé & Príncipe – Projecto Flora Ameaçada”, financiado pelo Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF).

Esta obra pioneira fornece a primeira visão geral do estado de conservação de 106 espécies de plantas endémicas e subendémicas, avaliadas de acordo com os critérios da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

“O livro mostra que duas espécies estão já extintas, enquanto doze se encontram criticamente em perigo, 53 em perigo, e 25 consideradas vulneráveis”, revela, em comunicado, Maria do Céu Madureira.

“A publicação evidencia a urgência da ação conservacionista, numa altura em que a biodiversidade das ilhas enfrenta ameaças crescentes, como a expansão agrícola, desflorestação e espécies invasoras”, revela.

De acordo com a investigadora, a redescoberta de espécies raras como Balthasaria mannii e Psychotria exellii, que não eram avistadas há mais de 50 anos, bem como a identificação de pelo menos 17 espécies novas para a Ciência – incluindo uma nova espécie dominante de Cleistanthus nas florestas secas do norte de São Tomé –, estão entre os principais marcos deste trabalho.

O livro, ilustrado com gráficos e mapas de distribuição, destaca também os ecossistemas do arquipélago, apresenta as metodologias utilizadas e propõe diretrizes para a conservação, e identifica 21 áreas de elevada importância para a preservação da flora, muitas das quais fora da atual rede de Áreas Chave da Biodiversidade (KBA’s).

Além disso, foram realizadas ações de conservação fora do habitat natural das espécies (uma prática conhecida na gíria científica como conservação ex situ), com a plantação de espécimes ameaçados em viveiros locais, no Jardim Botânico de Bom Sucesso e em áreas florestais degradadas.

“Esta publicação sublinha a importância de reforçar o conhecimento científico local e a formação de técnicos e botânicos são-tomenses, reconhecendo a flora endémica como um património natural de valor incalculável para a resiliência dos ecossistemas face às alterações climáticas”, salienta Maria do Céu Madureira.

O “Livro Vermelho das Espécies Endémicas de São Tomé e Príncipe” está disponível gratuitamente e, segundo os autores, representa uma ferramenta científica vital para orientar decisões políticas, educativas e de conservação, sendo dirigido a autoridades governamentais, comunidades locais, setor privado e profissionais da conservação.






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