Julgamento de ativistas pelo clima suspenso de novo devido a greve dos oficiais de justiça
A audiência de hoje do julgamento dos ativistas ambientalistas que bloquearam a avenida Engenheiro Duarte Pacheco, em Lisboa, em dezembro de 2023, foi adiada devido à greve dos funcionários judiciais, disse à Lusa uma funcionária do tribunal.
Esta é a segunda vez que o julgamento sofre um atraso devido à greve dos funcionários judiciais, após a sessão de julgamento de segunda-feira à tarde, que seria dedicada à inquirição de testemunhas, ter sido suspensa também devido à greve destes profissionais, que estão em luta há muitos meses por questões salariais e de carreira.
No início do julgamento, na manhã de segunda-feira, os ambientalistas do grupo Climáximo, na sua grande maioria jovens e que estão acusados dos crimes de “interrupção das comunicações” e de “desobediência civil”, foram identificados pelo tribunal de pequena instância criminal e manifestaram a intenção de prestar declarações.
No entanto, quando se apercebeu de que cada um deles queria ler um manifesto contra pessoas e empresas responsáveis pelo colapso ambiental, o juiz impediu-os de o fazerem, por estar fora do objeto do processo.
Na altura, a defesa dos arguidos ainda contrapôs que o “processo tem a ver com questões climáticas”, mas o juiz não aceitou a leitura dos manifestos.
Dez dos 11 ativistas acusados que compareceram no primeiro dia de julgamento alegaram em sua defesa que não ouviram a ordem da PSP para dispersarem do local.
Essa versão foi contrariada por três agentes da PSP, que no entanto tiveram dificuldade em identificar a quem individualmente transmitiram essa ordem de dispersão, sob pena de os ativistas cometerem o crime de desobediência.
No final dessa sessão, a ativista e arguida Maria Mesquita, como porta-voz dos restantes, criticou o facto de o juiz não ter permitido aos acusados fazerem declarações em defesa do clima, alegando que era importante explicar que “a motivação” por detrás do bloqueio de estrada foi lutar e alertar a sociedade para o colapso e a crise climática que coloca em perigo a vida das pessoas e dos seus familiares.
Segundo Maria Mesquita, o que os ativistas fizeram “não foi um ato de vandalismo”, mas uma forma de chamarem a atenção para o problema da crise climática e para a necessidade de haver uma “guerra declarada” contra as empresas que estão a matar o planeta.
A ativista reiterou que o Climáximo vai continuar as suas ações de protesto e que as “Assembleias de Abril” criadas pelo movimento irão debater esta semana quais as prioridades e as medidas a encetar na defesa do ambiente.