Maior diversidade de árvores ajuda a reduzir picos de calor nas florestas

As florestas com maiores quantidades de espécies diferentes conseguem melhor mitigar picos de calor no verão e picos de frio durante o inverno, revela novo estudo.
Publicada recentemente na revista ‘Ecology Letters’, uma investigação liderada pelo Centro Alemão de Investigação Integrativa sobre Biodiversidade (iDiv) diz que as florestas com menor diversidade de árvores são as que mais sentem os efeitos de extremos de temperatura, com todas as consequências daí resultantes para a vida que nelas habita.
Embora já estudos anteriores tivessem salientado o papel das árvores na atenuação dos extremos térmicos nas florestas, os autores salientam que não se tinha ainda percebido se a diversidade das espécies poderia ser um fator de influência, como comprovado neste estudo.
Com base em medições feitas na região subtropical da China, onde está localizada aquela que é considerada a maior experiência de diversidade de árvores plantadas, com várias centenas de milhares de indivíduos, a equipa verificou que as florestas com maior riqueza de espécies (ou seja, com maior variedade de espécies) conseguiam reduzir muito mais a temperatura abaixo do dossel florestal durante picos de calor do que florestas com menos espécies.
Por outro lado, durante picos de frio, a temperatura abaixo do dossel florestal era maior do que em florestas com menos espécies.
Os investigadores acreditam que uma maior variedade de espécies de árvores ajuda a evitar que a massa de ar abaixo do dossel contacte com a massa de ar acima dele.
Rémy Beugnon, um dos autores do artigo, diz, em comunicado, que esse efeito de “tampão térmico” permite criar e manter microclimas que propiciam “condições mais favoráveis para os ecossistemas e proteger os serviços que eles fornecem”.
Dessa forma, “é provável que as florestas cresçam e se regenerem mais eficazmente, enquanto os solos funcionam melhor, suportando uma maior biodiversidade, melhorando os ciclos de nutrientes e aumentando o armazenamento de carbono”, detalha do cientista.
Os autores concluem o artigo afirmando que “os nossos resultados sublinham os benefícios de florestas plantadas diversas para iniciativas de restauro florestal em grande escala”, acrescentando que essa mesma diversidade aplicada a florestas urbanas ajuda a atenuar “o stress térmico num mundo em aquecimento”.