Mesmo peixes adaptados a climas quentes e secos estão a ter dificuldade para sobreviver com temperaturas cada vez mais altas



Os peixes que vivem em regiões quentes e áridas estão habituados a enfrentar condições adversas. Nos meses mais quentes do ano, os rios e ribeiros onde vivem podem deixar de correr ou mesmo secar completamente, mas várias espécies sabem como lidar com isso.

Contudo, uma investigação divulgada este mês na publicação ‘Ecology and Evolution’ avisa que mesmo esses peixes altamente adaptados a climas secos e quentes podem não estar a conseguir adaptar-se com a rapidez suficiente para sobreviverem num planeta cada vez mais quente e seco devido aos efeitos das alterações climáticas causadas pelas ações humanas.

O estudo passou pela análise de dados de cerca de 1.500 cursos de água em regiões áridas dos Estados Unidos da América (EUA) e da Austrália, entre 1980 e 2022. Os investigadores constataram uma redução no número de espécies de peixes que ali vivem, coincidindo com o aumento da temperatura e com a diminuição da precipitação e dos caudais fluviais e ribeirinhos.

As espécies mais afetadas foram peixes de menores dimensões que se alimentam de plantas e algas, e também aquelas com áreas de distribuição muito limitadas, pois têm poucas hipóteses de encontrar refúgios com condições adequadas quando os rios ou ribeiros onde vivem passam a ter menos água do que habitual.

Embora reconheçam que os dados recolhidos não permitem dizer, sem espaço para dúvidas, que o declínio das espécies está diretamente relacionado com a redução da disponibilidade de água, os cientistas argumentam que, ainda assim, o que descobriram deve servir como sinal de alerta, uma vez que se prevê que o número de ecossistemas com limitações de água seja cada vez maior.

A equipa sugere também que outros fatores, além dos efeitos das alterações climáticas nos padrões de chuva e na redução da água dos rios e ribeiros, podem estar a influenciar a perda de espécies, como a competição com espécies invasoras e a destruição dos habitats pela expansão de infraestruturas humanas.

“Se peixes altamente adaptados não conseguem sobreviver em climas quentes e secos, não é um bom sinal para peixes que estão habituados a climas muito mais amenos”, aponta, em comunicado, Corey Krabbenhoft, da Universidade de Buffalo (EUA) e primeira autora do artigo.

“Os peixes que vivem em climas secos são ‘um canário na mina’ no que toca às alterações climáticas, pelo que é crucial ter uma compreensão total do que está a causar esta quebra na sua diversidade de espécies”, salienta.






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