Mina do Barroso: Estudo diz que não há, para já, riscos para a saúde humana. Mas expansão pode mudar cenário



Estudo português revela que não deverá haver, para já, qualquer preocupação para a saúde da população resultante da exploração de lítio na Mina do Barroso.

Intitulado “Níveis de base de lítio para avaliar a exposição futura e os riscos da atividade mineira de lítio”, o artigo foi publicado na revista ‘Food and Chemical Toxicology’ e contou com a participação de investigadores e especialistas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e do Instituto Superior Técnico, em colaboração com a Egas Moniz School of Health and Science.

A investigação, realizada previamente à exploração na Mina de Barroso, em Boticas, refere que a estimativa da exposição ao lítio e o risco da ingestão através de alimentos cultivados não indicaram qualquer preocupação atual para a saúde da população.

O estudo, cuja área englobou as aldeias mais próximas da Mina do Barroso, procurou caracterizar as concentrações de lítio nesta região através da recolha e análise de amostras de couve, batata, água potável e de rega e solo, assim como a realização de uma avaliação preliminar da exposição e dos riscos para as populações locais.

Em comunicado, os investigadores dizem que os resultados obtidos demonstraram que os níveis de exposição da população ao lítio permanecem dentro dos limites considerados seguros, sem impacto expectável na saúde humana.

A avaliação do risco realizada na investigação concluiu que nenhum dos 28 participantes ultrapassou a dose de referência provisória estabelecida pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) (2 microgramas [µg]/quilograma [kg] de peso corporal/dia), com um quociente de risco (HQ) inferior a 1. Estes resultados indicam que, atualmente, não há preocupações significativas para a saúde da população local.

No que diz respeito às culturas agrícolas, os investigadores analisaram os teores de lítio em produtos consumidos, concluindo que as couves registaram os valores mais elevados, enquanto as batatas apresentaram concentrações significativamente menores.

Foi também encontrada uma correlação negativa significativa entre a concentração de lítio nas couves e o pH do solo das couves, o que significa que concentrações mais elevadas nestes alimentos cultivados estão relacionadas com solos mais ácidos.

A investigação revelou ainda que a ingestão máxima estimada de lítio através de couves e batatas não excedeu o máximo determinado pela EPA, que se situa nos 2 μg/kg de peso corporal/dia. Este resultado sugere que a estimativa da exposição ao lítio e a avaliação do risco da ingestão dos géneros alimentícios estudados não sugerem uma preocupação para a saúde da população.

No entanto, os investigadores alertam que a futura expansão da Mina do Barroso pode alterar este cenário, tornando essencial uma monitorização contínua dos níveis de lítio na água, no solo e nos alimentos da região. O estudo estabelece assim uma linha de base crucial para avaliar o impacto da mineração a longo prazo e desenvolver estratégias eficazes de mitigação.

Este estudo, define pela primeira vez linhas de base essenciais à avaliação do impacto da exploração de lítio em Portugal, sendo determinante para avaliar futuros efeitos ambientais e de saúde nas populações locais, reforçando a necessidade de políticas de mineração sustentáveis que minimizem potenciais impactos negativos.





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