Mineração em mar profundo debatida em conferência na Noruega a partir de hoje

Dezenas de especialistas discutem a partir de hoje a mineração em mar profundo numa conferência em Bergen, na Noruega, o primeiro país do mundo a aprovar a atividade.
A Noruega tornou-se em janeiro do ano passado o primeiro país do mundo a aprovar a mineração em mar profundo, que consiste em extrair minerais no fundo do mar com maquinaria pesada o que pode destruir habitats.
A decisão deixou organizações ambientalistas preocupadas, porque a comunidade científica tem alertado para possíveis danos ambientais, graves e irreversíveis. Portugal aprovou recentemente uma moratória sobre a matéria até 2050.
Organizada por uma plataforma dedicada à comunidade norueguesa das geociências, geo365, a conferência, uma das principais sobre a mineração em mar profundo, realiza-se pela quarta vez e decorre entre hoje e quinta-feira.
A iniciativa junta empresas de exploração, profissionais e académicos, políticos e ambientalistas e tem como principal objetivo, indica a organização, possibilitar à indústria estabelecer ligações e trocar conhecimentos.
“A Noruega tem sido reconhecida como um ´hotspot´ para minerais de profundidade desde que promulgou a Lei dos Minerais do Fundo do Mar em 2019. Embora a ronda de licenciamento antecipada, originalmente prevista para começar em 2025, tenha sido adiada por pelo menos mais um ano, as empresas de exploração estão a preparar-se ativamente para atividades futuras na Zona Económica Exclusiva (ZEE) da Noruega”, diz-se na página da internet sobre a conferência.
Em águas internacionais, acrescentam, muitas empresas estão a posicionar-se na zona Clarion-Clipperton, no oceano Pacífico, e junto das ilhas Cook, também no oceano Pacífico, três empresas estão já a operar.
Japão, China e Índia também registaram “desenvolvimentos notáveis” na investigação e na tecnologia e a “extração em larga escala” pode começar ainda este ano no Japão, diz a organização da conferência.
Até quinta-feira, a conferência pretende debater temas como estratégias, desafios e oportunidades sobre uma eficaz monitorização ambiental, as tecnologias de exploração, gestão de danos, ou regulamentos sobre “uma indústria global emergente”.
Em março do ano passado, numa entrevista à agência Lusa em Lisboa, a secretária de Estado norueguesa Maria Varteressian garantiu que a Noruega apenas aprovará mineração em mar profundo quando e se tiver total certeza de que pode ser feita de forma sustentável.
A secretária de Estado do Ministério dos Negócios Estrangeiros dizia que a Noruega não aprovou qualquer atividade mineira nem sabe se o vai fazer, explicando que se trata de uma abordagem faseada que se centra na recolha de conhecimento.