Novo apelo a bancos para que não financiem a nova fábrica de celulose da Altri na Galiza



A BankTrack, em colaboração com a rede Environmental Paper Network (EPN) e a Greenpeace España, publicou hoje um novo perfil sobre a controversa fábrica de celulose e lyocell do projeto Gama, proposto em Palas de Rei (Lugo, Galiza) pela empresa Altri. O perfil é apresentado na base de dados “Dodgy Deal” da BankTrack, que compila informação sobre empresas ou projetos com impacto negativo nas pessoas e no planeta e que são passíveis de ser financiados por bancos.

Segundo a mesma fonte, a publicação deste perfil chega num momento de crescente indignação pública, à medida que protestos continuam a mobilizar massivamente várias comunidades de toda a região, com uma nova manifestação marcada para o próximo domingo, 1 de Junho. O protesto, com o lema “Nem a Ence na Ría, nem a Altri na Ulloa”, opõe-se ao projeto e aos seus potenciais impactos negativos na região de Ulloa, o rio Ulla e a ria de Arousa, e exige ao governo Espanhol que negue a concessão de qualquer financiamento público ao projeto.

O perfil Dodgy Deal expõe os impactos destrutivos do projeto, proposto pela Greenfiber, um consórcio do conglomerado português Altri (75%) e da espanhola Greenalia (25%). O perfil denuncia o “impacto devastador na biodiversidade e em espécies endémicas, assim como o elevado consumo de água, que excede o consumo total da província de 325.000 habitantes de Lugo”. Também projeta um aumento na procura por plantações de eucalipto, que pode chegar a somar mais 190.000 de hectares à região de Espanha que já é detentora da maior concentração de plantações de eucalipto no país, “aumentando assim o risco de incêndios florestais”.

Perante a crescente preocupação de que o projeto irá avançar apesar de toda a resistência local, a informação providenciada pelo Dodgy Deal da BankTrack “é vital para que todas as partes interessadas, incluindo possíveis financiadores do projeto, estejam plenamente conscientes das consequências negativas que este projeto trará para a saúde das pessoas, os ecossistemas locais, a economia e os modos de vida tradicionais”.

Os protestos de 8 de Maio em Madrid, organizados pela Plataforma Ulloa Viva, Ecoloxistas en Acción e a Greenpeace, marcaram um último capítulo de uma onda de manifestações de grande escala contra o projeto, iniciada há mais de um ano. A 4 de maio, centenas de pessoas e embarcações participaram num protesto ao longo do rio Ulla até Padrón (A Coruña) e em inícios de Dezembro mais de 100.000 pessoas protestaram na capital da Galiza, Santiago de Compostela, expondo a ampla oposição existente na região e no país. Está previsto que os protestos continuem com a próxima ação de 1 de Junho em Pontevedra.

“As nossas comunidades expressaram-se com clareza”, declarou um porta-voz da Ulloa Viva, citado em comunicado. “Não podemos permitir que fundos públicos financiem um projeto que ameaça os nossos cursos fluviais, os nossos ecossistemas e modos de vida”.

O custo total estimado da primeira fase do projeto é de 900 milhões de euros. A Altri está a solicitar ao governo espanhol ajudas públicas num valor de 250 milhões de euros. O restante financiamento virá de entidades privadas ou entidades financeiras de desenvolvimento.

Com tamanha e firme oposição de dezenas de milhares de residentes, associações e empresas locais, o projeto Gama “ameaça os ecossistemas, os modos de vida, a saúde e a qualidade de água, colocando um sério risco reputacional que, segundo a BankTrack, nenhum banco ou investidor responsável se pode dar ao luxo de ignorar”.

 

 






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