O papel da educação ambiental na Sustentabilidade



Por Fernando Martins , Coordenador da PG Gestão de Energias Renováveis da Universidade Europeia Online Managing Director da Nexhos Energies Portugal

A educação ambiental é reconhecida como uma ferramenta indispensável para alcançar o desenvolvimento sustentável. Desde a sua definição enquanto prioridade global em encontros internacionais, como a Conferência de Estocolmo e o Encontro de Belgrado, governos, organizações e indivíduos têm promovido a sua importância no cuidado com o meio ambiente.

A crise climática e os impactos do uso excessivo de recursos naturais têm colocado a transição energética no centro das discussões globais. Para que essa transição seja bem-sucedida, não basta apenas avançar tecnologicamente ou implementar políticas públicas eficazes.

É fundamental que haja uma mudança cultural e comportamental, o que torna a educação ambiental um elemento-chave nesse processo com o objetivo de que todos nós, cidadãos e empresas sejamos também participantes e agentes ativos da mudança.

Por meio de abordagens pedagógicas que combinam teoria e prática, a educação ambiental, promove uma compreensão crítica das relações entre o ser humano e o meio ambiente, estimulando a adoção de valores e comportamentos alinhados à sustentabilidade.

Num momento em que mudanças climáticas, perda de biodiversidade e crises hídricas ameaçam o nosso futuro, educarmo-nos ambientalmente é também um ato de esperança num futuro mais defensável. A par disso, a educação ambiental pode ajudar no compromisso dos cidadãos, capacitando-os na tomada de decisões conscientes sobre a forma como consomem energia e protegem o meio ambiente. Quando as pessoas entendem como suas ações impactam o planeta, tornam-se mais propensas a apoiar a mudança de comportamentos e atitudes, seja reduzindo o desperdício de recursos escassos, repensando a sua mobilidade, adotando medidas de eficiência energética, assim como investindo em sistemas de energia renovável para produção da sua própria energia e ajudando as próprias empresas onde trabalham a adotarem práticas também mais sustentáveis.

Embora seja essencial, a educação ambiental ainda enfrenta desafios significativos, como a falta de recursos, baixa priorização nas políticas públicas, assim como a própria resistência cultural a certas mudanças de hábitos. Contudo, esses obstáculos também abrem caminho à inovação e à colaboração entre diferentes setores da sociedade. É, portanto, um investimento de e para o futuro.

Ao integrar conhecimentos técnicos e práticos sobre sustentabilidade e energia limpa, podemos criar uma geração melhor preparada para enfrentar os desafios do século XXI.

A transição energética é uma necessidade urgente e, para que ela aconteça de forma sustentável e eficaz, a educação deve ser uma prioridade. Ao sensibilizar, capacitar e comprometer a sociedade, essa abordagem educacional atua como catalisadora de mudanças, ajudando a construir um futuro onde o desenvolvimento económico e o respeito pelo meio ambiente caminhem juntos de forma ética, mas também estratégica para a sobrevivência e prosperidade do planeta terra.

Num momento em que as consequências das mudanças climáticas se tornam cada vez mais evidentes, a promoção de práticas educativas que integrem conhecimento, ação e transformação é uma das ferramentas mais poderosas para garantir um mundo mais limpo, justo e sustentável.

Dentro deste contexto realizam-se iniciativas não só inspiradoras, mas também, com resultados muito positivos e eficazes um pouco por todo o globo, como por exemplo em Portugal, o programa Eco-Escolas que resultou numa redução significativa no consumo de energia e água em mais de 1.000 instituições de ensino nacionais.

Outro exemplo na Indonésia, a iniciativa de troca de plástico por viagens gratuitas em transportes públicos ajudou a reduzir em cerca de 15% o volume de lixo plástico na cidade de Surabaya em dois anos.

No Brasil, outra medida com excelentes resultados e que foi o incentivo à plantação de hortas comunitárias e que aumentou a participação de estudantes em projetos socioambientais, gerando mais compromisso, promovendo mudanças de comportamento em famílias inteiras.

Todos estes pequenos projetos em que processos de consciencialização e educação ambiental permitem alcançar resultados que vão ao encontro das boas práticas ambientais assim como dos objetivos propostos.

Nós, enquanto indivíduos, podemos começar por pequenas atitudes como: separar o lixo, reduzir o consumo de descartáveis, apoiar iniciativas locais de preservação do meio ambiente e, acima de tudo, na procura de informação. A educação ambiental começa no entendimento de que cada escolha que façamos pode fazer diferença.

Não deixando de fora o papel do ecossistema empresarial a crescente preocupação com a sustentabilidade tem gerado reflexões sobre a função social, ambiental e de governance de diversas empresas do setor privado.

Segundo pesquisas realizadas pelo grupo McCANN, 69% dos jovens no mundo estão dispostos a pagar mais a uma marca quando ela tem valores alinhados aos seus, no mundo corporativo, isso reflete-se no aumento do número de empresas que se empenham na busca de melhores práticas ambientais, sociais e de governança (ESG). A sigla ESG é a abreviação de “Environmental, Social and Governance” (Ambiental, Social e Governança). Esse conceito refere-se às boas práticas empresariais que se preocupam com critérios ambientais, sociais e parâmetros de excelente governança corporativa. A ideia principal é que empresas que adotam essas práticas fiquem menos suscetíveis a riscos externos, como mudanças regulatórias, em especial multas e sanções caso utilizem demasiada e/ou agressivamente os recursos naturais ou provoquem desastres ambientais.

Empresas que adotam melhores práticas ambientais, sociais e de governança poderão ver diversos impactos positivos, como maior lucratividade e até uma melhoria no seu valor de mercado no médio e longo prazo.

É urgente que nos perguntemos: que legado estamos a deixar para as próximas gerações? A resposta está nas escolhas que fizermos hoje. Educar-se e educar os outros sobre a importância da sustentabilidade é mais do que uma ação necessária; é uma obrigação moral com o planeta que nos sustenta e que nos dias de hoje já ultrapassou essa capacidade.

Investir em educação ambiental é, claramente, um investimento na forma como deveremos pensar o futuro ambiental e energético do planeta, integrando conhecimento, inovação, políticas, ação e transformação para um mundo mais limpo, justo e sustentável para a humanidade.





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