“Os combustíveis fósseis estão a ficar sem estrada”, avisa Guterres

O Secretário-geral das Nações Unidas declarou esta terça-feira que “os combustíveis fósseis estão a ficar sem estrada” e que o mundo está hoje “no limiar de uma nova era”.
Na sede da organização, em Nova Iorque, António Guterres salientou que no ano passado dois biliões de dólares foram investidos globalmente em energia limpa, um valor 800 mil milhões acima do investimento em combustíveis fósseis e um aumento de cerca de 70% numa década.
Também esta terça-feira a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) divulgou um relatório no qual revela, em 2024, que as energias solar e eólica custaram quase metade do preço (41% e 53% respetivamente) do que as alternativas mais baratas baseadas em combustíveis fósseis.
O documento avança ainda que 91% dos novos projetos de renováveis comissionados no ano passado eram “mais eficientes em termos de custos do que quaisquer novas alternativas de combustíveis fósseis”, e os custos de todas as tecnologias de energia renovável caíram mais de 10% entre 2023 e 2024.
“As emissões de carbono poupadas pelas energias solar e eólica globalmente são quase equivalentes às que toda a União Europeia produz num ano”, apontou Guterres, para quem “a transição energética é imparável”, ainda que reconheça que não está a avançar suficientemente rápido e ainda não é “suficientemente justa”.
“Os países da OCDE [Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económicos] e da China representam 80% da capacidade de energia renovável instalada a nível mundial. O Brasil e a Índia representam quase 10%. África apenas 1,5%”, detalhou.
Embora reconheça que algumas empresas de combustíveis fósseis tentarão, por via do lóbi, promover os seus interesses e tentar delapidar o crescimento das renováveis, Guterres admite que “nunca estive tão confiante de que falharão, porque já passámos o ponto de não retorno”.