Os três projectos vencedores do Prémio Agir



O projecto “Trupe Sénior”, do Chapitô, Lisboa, foi o vencedor da segunda edição do Prémio AGIR, uma iniciativa promovida pela REN e criada para apoiar projectos que dão resposta a problemas sociais concretos.

O projecto vencedor prevê a criação de uma “Trupe Sénior”, em que idosos vão constituir grupos de animação cultural e social, promovendo a intergeracionalidade entre jovens e idosos e potenciando a coesão comunitária.

Ao abrigo deste programa, avança a REN, os idosos serão incluídos artisticamente em ateliês dinamizados pelos jovens em risco de exclusão social. Nesse sentido, esta Trupe Sénior será formada por idosos e jovens artistas que cumprem medidas tutelares em centros educativos ou que passaram por processos de reintegração social na escola do Chapitô, sendo depois mobilizados para dinamizar ações socioculturais e recreativas nas suas comunidades de origem, favorecendo o seu próprio envelhecimento activo.

“O envelhecimento é um campo minado por estereótipos e representações que afectam quer os sujeitos que vivem o processo de envelhecimento, quer as estruturas que se orientam para responder às necessidades desses sujeitos”, explicou a presidente da direcção do Chapitô, Teresa Ricou.

“Qualquer intervenção inovadora nesta realidade complexa deve convocar princípios estratégicos que sejam capazes de mudar as racionalidades e os procedimentos: o projecto Trupe Senior reivindica um novo olhar sustentado no princípio da diferenciação positiva e na assumpção dos idosos, não como categoria social ‘despojada de possibilidades’, mas antes como pessoas com saberes, competências, desejos, visões e instrumentos para mudar o mundo”, concluiu Teresa Ricou.

Cediara: promover a intergeracionalidade em Albergaria-a-Velha

O segundo lugar do prémio Agir foi atribuído ao projecto “Idade XXL”, da CEDIARA -Centros de Dia para Idosos, de Ribeira de Fráguas (Albergaria a Velha, Aveiro). Este projecto promove o envelhecimento activo através de programas focados na intergeracionalidade e intervenção na comunidade e inclusão social, de forma a valorizar os conhecimentos dos idosos, colocando-os ao serviço da comunidade e investindo numa aproximação e partilha entre várias gerações.

Baseado em três subprojectos – “Gerações com Vida”, “Concretização de Sonhos” e “Senhores Sabedoria”, a iniciativa prevê a parceria entre vários estabelecimentos de ensino, estabelecimentos prisionais, instituições de apoio à terceira idade e outras entidades de carácter comunitário e social.

Das várias acções que compõem o projecto destacam-se a troca de correspondência entre idosos e crianças, aulas de cidadania e história dadas pelos idosos nas escolas e estabelecimentos prisionais, intervenções comunitárias através do grupo de cantares e grupo de teatro e actividades de animação a utentes dependentes ou em situação de isolamento.

“Com uma sociedade cada vez mais envelhecida, é urgente apresentar modelos eficientes para que se consiga envelhecer com qualidade”, explicou a directora técnica do Cediara, Susana Henriques. A instituição tem “procurado desenvolver um trabalho de referência em boas práticas no envelhecimento activo, através de vários projectos e actividades diferenciadoras, apostando na capacitação dos nossos utentes e na melhoria da sua qualidade de vida. Com o projecto Idade XXL, pretendemos contribuir para que o envelhecimento activo, mais do que uma meta, possa ser uma realidade”, concluiu.

Em Famalicão também há envelhecimento activo 

O terceiro prémio foi entregue ao projecto “Envelhecimento +Ativo”, promovido pela Engenho – Associação de Desenvolvimento Local do Vale do Este, de Vila Nova de Famalicão. Este projecto vai actuar ao nível do envelhecimento activo através do desenvolvimento de actividades promotoras da estimulação cognitiva e sensorial (canteiros elevados para pessoas com mobilidade reduzida, adaptados à prática da hortofloricultura, sala de fisioterapia, sala snoezelen e sala da memória).

As actividades serão implementadas no novo lar de idosos da Engenho, denominado “A Minha Casa”, e destinam-se aos 152 utentes do centro de dia, apoio domiciliário e lar de idosos desta Associação, prioritariamente idosos com demência ou limitações de mobilidade.

Está prevista a participação de crianças e jovens nas actividades de solidariedade e diálogo intergeracional e a realização de workshops de demência na terceira idade, destinados a cuidadores formais e informais.

“Para além de promover a autonomia das pessoas idosas, [o projecto] procura valorizar as referências identitárias das nossas comunidades locais, de ligação à terra e à ruralidade, designadamente através da recolha e partilha de imagens e histórias de vida dos nossos idosos, num contexto intergeracional de mútua aprendizagem”, revelou Manuel Araújo, que disse ainda que o Prémio AGIR é “mais do que um reconhecimento do trabalho que fazemos em prol do desenvolvimento social num território particularmente desfavorecido, é uma força que nos inspira a fazer mais, melhor e diferente pelos nossos idosos”.





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