Parque de Maputo reforça vedação para travar fuga de elefantes e reduzir conflitos com humanos

O Parque Nacional de Maputo, em Moçambique, está a reforçar a sua vedação para impedir a fuga de elefantes e travar o conflito entre homem e fauna, com o apoio do instituto Camões, disse hoje à Lusa o administrador do parque, Miguel Gonçalves.
“O parque está vedado na totalidade, mas o formato que tínhamos não estava a ser eficiente porque os elefantes, ao longo dos anos, foram se ajustando e foram encontrando formas de quebrar a vedação”, explicou o administrador do Parque Nacional de Maputo, Miguel Gonçalves, em declarações à Lusa.
A requalificação da vedação dos 145 quilómetros do parque, feita 25% até ao momento, está a ser apoiada pelo Camões – Centro Cultural Português, e deverá estar concluída até dezembro.
Com a requalificação em curso, a vedação do parque passa a contar com um sistema elétrico para impedir a fuga dos mamíferos, conforme avançou Miguel Gonçalves.
“[Estamos a] juntar os fios eletrificados para que os elefantes não os consigam puxar nem agarrá-los com a tromba, porque apanham choques elétricos (…). Estamos a agregar mais fios também de forma a evitar que eles consigam quebrar a vedação”, disse o administrador do parque.
O Parque Nacional de Maputo é um dos cinco locais indicados com “excecional potencial” para o estatuto de Património Mundial pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), decisão será tomada em julho pela UNESCO.
Numa nota de 02 de junho, a IUCN, consultora oficial sobre natureza do comité do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), refere que se o comité intergovernamental seguir o seu conselho na próxima reunião, na 47.ª sessão, de 06 e 16 de julho, em Paris, “paisagens incríveis, marinhas e áreas de rica geodiversidade e biodiversidade” receberão esse estatuto.
Incluem-se, refere, “sítios que protegem até 850.000 aves migratórias, chimpanzés ocidentais e numerosos peixes de recifes de coral”.
A história da proteção a sul da capital moçambicana começou em 1932, então uma pequena área de caça, em que o elefante era dos principais alvos. Em 1969, a importância da biodiversidade local levou à classificação como Reserva Especial de Maputo.
Após o declínio provocado pela guerra civil que se seguiu à independência, impulsionado pela assinatura em 2006 de um memorando de entendimento entre o Governo e a Peace Parks Foundation, desde 2010 que o Parque Nacional de Maputo não para de crescer, com a reintrodução e translocação de espécies.
“Trouxemos um pouco mais de 5.000 animais de 14 espécies diferentes, primeiros herbívoros e agora estamos a reintroduzir os carnívoros. Trouxemos algumas chitas, estamos agora com uma população de hienas e possivelmente teremos que trazer mais leopardos (…). É esse é o plano”, explicou o administrador do parque, Miguel Gonçalves, em entrevista à Lusa, em 2024.
Com as emblemáticas girafas e elefantes que se passeiam habitualmente junto à estrada Nacional 1 (N1), o Parque Nacional de Maputo combina as vertentes de “mar e terra”, numa área total de 1.718 quilómetros quadrados. Oficialmente, foi criado em 07 de dezembro de 2021, juntando duas áreas protegidas contíguas historicamente estabelecidas: A Reserva Especial de Maputo (1.040 quilómetros quadrados na componente terrestre) e a Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro (678 quilómetros quadrados).