Parque moçambicano da Gorongosa apoia 3.500 famílias face à falta de chuva



O Parque Nacional da Gorongosa (PNG), centro de Moçambique, divulgou hoje que está a apoiar com alimentos 3.500 famílias de agricultores que vivem na envolvente devido à falta de chuva, que condiciona o cultivo.

“Este ano, as chuvas chegaram tarde e as colheitas não cresceram. Isso criou insegurança alimentar. Por conseguinte, o projeto da Gorongosa está a implementar um programa de distribuição de alimentos com um donativo suplementar da Fundação Greg Carr”, explicou fonte do PNG, o principal parque moçambicano.

O programa apoiará 3.500 famílias, fornecendo a cada 25 quilogramas de arroz e de farinha de milho e cinco quilogramas de feijão, entre outros produtos essenciais, como óleo, sal, peixe seco, sabão e leite em pó.

“Os agricultores que vivem perto do Parque Nacional da Gorongosa são trabalhadores, inteligentes e resilientes. Com muito pouca tecnologia, cultivam milho, sorgo, gergelim, legumes, frutas e culturas arbóreas como o caju. Alimentam as suas famílias e cobrem as necessidades domésticas”, acrescenta a fonte, recordando que o PNG já os apoia regularmente “com ferramentas e formação e, por vezes, sementes melhoradas”.

“Mas todo o mérito do seu sucesso vai para eles. À medida que continuam a aumentar os rendimentos todos os anos, sairão da pobreza. A boa notícia é que as chuvas finalmente começaram e as famílias deverão ter a oportunidade de fazer uma colheita ainda este ano”, refere.

O PNG recorda que “em qualquer ano pode haver uma crise de curto prazo”, sendo por isso “solução a longo prazo” que “estas famílias sejam capazes de desenvolver reservas de alimentos e dinheiro”.

“Alguns poderão algum dia conseguir implementar a irrigação para corrigir chuvas imprevisíveis”, conclui.

Há mais de 20 anos Greg Carr redescobriu Gorongosa e o mais importante parque moçambicano nunca mais foi o mesmo, reabilitado, com mais fauna e flora, voltado para a comunidade, deixando emocionado o milionário e filantropo norte-americano, que participou na entrega destes apoios às famílias de agricultores locais.

“Na minha opinião, o melhor parque de todo o mundo. Porquê? Temos biodiversidade, beleza. O nosso projeto tem dois objetivos: conservação da natureza e desenvolvimento humano para as comunidades à volta do parque. Temos projetos de agricultura, saúde, educação. Estou orgulhoso”, explicou Carr, em entrevista à Lusa, em julho passado, no Chitengo, em pleno PNG.

O parque passou a ser a sua casa nos últimos 20 anos: “Sim. 50/50, Gorongosa e Estados Unidos”, acrescenta, misturando português e inglês, ao mesmo tempo que garante tratar-se de uma parceria público-privada.

A Gorongosa foi o primeiro parque nacional de Portugal em 1960, na época colonial, dilacerado entre 1977 e 1992 pela guerra civil que se seguiu à independência de Moçambique.

Em 2008, a fundação de Greg Carr assinou com o Governo moçambicano um acordo de gestão do parque por 20 anos – prolongando-o por outros 25 em 2018 – que tem levado à sua renovação em várias frentes, com projetos sociais aliados à conservação e com o número de animais a crescer de 10.000 para mais de 102.000.

Em outubro passado, o PNG documentou 110.513 animais de “grande porte”, num levantamento aéreo, estabelecendo um recorde histórico de contagem das diferentes espécies presentes naquela área protegida.

“A contagem, realizada em 197 mil hectares, entre 08 e 22 de outubro, documentou 110.513 animais de grande porte. Os números mais elevados alguma vez registados”, refere-se num relatório.

O parque conta com 1.700 trabalhadores, incluindo sazonais e uma força de fiscais da natureza que atua em todo o território, onde se produz já café e mel da Gorongosa, a pensar na exportação e que representa uma renda para milhares de famílias.

“Somos o maior empregador do centro de Moçambique”, garante Carr, que diz ter investido quase seis milhões de dólares (5,5 milhões de euros) por ano, em quase 20 anos, para dar nova vida à Gorongosa.






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