Pequenos caranguejos podem ser a melhor defesa dos corais contra as coroas-de-espinhos



As coroas-de-espinhos são tipos de estrelas-do-mar do género Acanthaster, conhecidas por se alimentarem de corais. Grandes aumentos repentinos das populações desse predador coralívoro, especialmente nas águas marinhas os oceanos Índico e Pacífico, têm levado à devastação de muitos recifes, gerando preocupação entre cientistas e conservacionistas.

Não se sabe ao certo a causa das frequentes explosões populacionais das coroas-de-espinhos, mas o que se sabe é que representam uma ameaça à sobrevivência dos corais, já fortemente pressionados pelo aumento da temperatura do mar e pelas cada vez mais frequentes e intensas ondas de calor marinhas.

Mas um grupo de cientistas acredita ter descoberto mais um potencial aliado dos corais na luta contra as estrelas-do-mar predadoras: pequenos caranguejos.

Este caranguejo da espécie Schizophrys aspera é um dos predadores de coroas-de-espinho na Grande Barreira de Coral, Austrália. Vídeo: Kennedy Wolfe

 

Nas águas da Grande Barreira de Coral, na Austrália, a equipa detetou ADN de coras-de-espinhos nos sistemas digestivos de sete espécies diferentes de caranguejos.

Num artigo publicado na revista ‘PNAS’, os cientistas revelam esses crustáceos de dez patas, que vivem escondidos entre os corais, alimentam-se de juvenis de coroas-de-espinho nos seus locais de reprodução.

Sven Uthicke, do Instituto Australiano de Ciência Marinha e um dos principais autores do estudo, salienta que esses caranguejos podem ser um aliado de peso dos corais contra os predadores vorazes.

Para o cientista, consumir juvenis de coras-de-espinhos é uma forma “altamente eficaz” de reduzir as populações desse predador voraz, não só porque as estrelas-do-mar são removidas do local antes de terem tamanho suficiente para se começarem a alimentar dos corais, mas também porque, sendo ainda pequenas, podem ser consumidas pelos caranguejos em maiores quantidades.

Sabe-se já que alguns peixes que vivem nos recifes alimentam-se de coroas-de-espinhos, mas comem sobretudo adultos, talvez um por semana. No entanto, os caranguejos, por predarem os juvenis, podem comer até 20 por dia.

Os investigadores acreditam que esses caranguejos podem realmente ajudar os recifes de coral a defender-se das investidas dos exércitos de coroas-de-espinhos que, de tempo a tempos, marcham pelo leito marinho e devoram os corais. Mas será preciso saber mais sobre como funcionam as populações desses caranguejos, especialmente o que determina a sua presença num local e a sua ausência noutro.





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