Polvos têm dos cromossomas sexuais mais antigos do reino animal



Altamente inteligentes, com três corações, um “mini-cérebro” para cada um dos oitos braços, sangue literalmente azul e com uma capacidade de camuflagem inigualável, os polvos são dos animais mais extraordinários do nosso planeta.

Agora, uma investigação científica, publicada esta semana na revista ‘Current Biology’, vem revelar que são também os animais com os cromossomas sexuais mais antigos que já se identificaram até hoje. O trabalho foi liderado por cientistas da Universidade do Oregon (Estados Unidos da América) e envolveu a análise cromossómica de polvos da espécie Octopus bimaculoides, nativa das águas da região oriental do Pacífico Central, ocorrendo entre as costas da Califórnia e do México.

De acordo com os investigadores, os cromossomas sexuais desses polvos terão surgido há cerca de 480 milhões de anos, mesmo antes de terem divergido do náutilo, um cefalópode muitas vezes considerado como um “fóssil vivo”. Por isso, declaram que “são dos mais antigos cromossomas sexuais animais que se conhecem”.

E argumentam que esse material genético é fundamental para a determinação do sexo tanto nos polvos como noutros cefalópodes (incluindo lulas e chocos). Porque é que isso deveria surpreender-nos? Os cientistas recordam que o sexo nos animais é determinado de formas diferentes consoante o grupo de que se fala. Por exemplo, nas tartarugas, é a temperatura que decide se as pequenas crias eclodirão como machos ou fêmeas, ao passo que nos mamíferos, como nós, humanos, são os cromossomas que ditam essa seleção.

Adotando uma precaução científica, estes investigadores dizem que, dada a diversidade do mundo vivo, não se podia automaticamente considerar que o sexo dos polvos era determinado por cromossomas sexuais, como o é noutras espécies, pelo que o que dita se um polvo é macho ou fêmea tem sido um mistério, agora resolvido, defendem.

A descoberta foi possível graças à sequenciação do genoma de uma fêmea de O. bimaculoides, com o que se percebeu que tinha um cromossoma com metade do material genético encontrado no mesmo cromossoma em polvos machos. Após mais análises, conclui-se que “devíamos ter tropeçado num cromossoma sexual”, lembra Gabrielle Coffing, primeira autora do artigo.

A equipa encontrou cromossomas semelhantes no material genético de outras espécies de polvos, também de lulas e, claro, de náutilos, pelo que a investigadora defende que tal “indica que o seu antepassado comum tinha um sistema semelhante de determinação sexual”.

A tremenda longevidade desse tipo de cromossoma não é habitual entre os animais, uma vez que tendem a sofrer grande número de mutações ao longo da história evolutiva das espécies. Mas, ao que parece, esse cromossoma tem resultado para os cefalópodes, de tal forma que se manteve praticamente inalterado ao longo de quase 500 milhões de anos.





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