Produtores de energia não estão a abandonar combustíveis fósseis com rapidez necessária
Os planos de transição de cinco grandes produtores de eletricidade europeus preveem investimentos significativos em energias renováveis, mas não para cortarem os combustíveis fósseis com rapidez suficiente, lamentou hoje um coletivo de organizações não-governamentais (ONG).
De acordo com uma análise de documentos das empresas energéticas Enel (italiana), Engie (francesa), EPH (checa), Iberdrola (espanhola) e Statkraft (norueguesa), estas “não planeiam parar gradualmente de produzir eletricidade a partir de gás fóssil até 2035, conforme recomendado pela Agência Internacional de Energia (AIE) e o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC)”, alerta, num relatório, a coligação de associações Beyond Fossil Fuels.
A Enel, a Engie e a EPH, em particular, “continuam a ser importantes promotoras de centrais elétricas a gás fóssil”, acrescentam as ONG no documento, que chama a atenção para projetos baseados na utilização de hidrogénio e biometano (gás proveniente de resíduos orgânicos).
Estas últimas soluções verdes ainda são “imaturas ou não operam à escala comercial”, segundo este coletivo que representa cerca de 60 organizações civis europeias, incluindo a WWF e a Reclaim Finance.
No seu conjunto, os planos de transição da EPH, Enel e Engie “não permitem prever uma saída rápida dos combustíveis fósseis”, salientou Pierre-Alain Sebrecht, diretor da Reclaim Finance, citado no comunicado.
“O seu compromisso de desenvolver novas centrais elétricas a gás bloqueará as emissões futuras e prejudicará a capacidade da Europa de cumprir as suas metas climáticas”, acrescentou.
Pierre-Alain Sebrecht sublinhou que “também prejudica o cumprimento dos compromissos de neutralidade carbónica dos atores que os apoiam financeiramente”.
Mesmo que não se comprometam a abandonar os combustíveis fósseis até 2035, a Iberdrola e a Statkraft “demonstram que é possível um plano de transição coerente para um sistema elétrico sustentável (eólico, solar, armazenamento e redes)”, destacaram ainda os autores do relatório.