Projeto para valorizar pegadas de dinossáurios de Ourém-Torres Novas arranca este ano



O projeto de valorização do Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém-Torres Novas, que inclui a instalação de uma réplica de um saurópode, arranca este ano, divulgou o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

O investimento, na ordem dos 480 mil euros e a concretizar em três anos, resulta de um protocolo de colaboração assinado em dezembro entre ICNF, Associação para o Desenvolvimento das Serras de Aire e Candeeiros (Adsaica) e Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (Assimagra).

Segundo o ICNF, o acordo visa implementar a primeira fase do projeto de conservação, valorização e divulgação daquele monumento no distrito de Santarém, para criar “as condições estruturais de salvaguarda dos valores existentes” e da sua visitação.

Por outro lado, “atende às necessidades das empresas da indústria extrativa na implementação de medidas de geoconservação e recuperação ambiental na área do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros [PNSAC]”, onde se encontra a jazida.

Esta fase, integrada num projeto mais amplo de intervenções futuras, contempla “ações de caráter infraestrutural, considerando as necessidades mais prementes e de beneficiação identificadas pelo ICNF e pela Adsaica, para a visitação do monumento”.

O ICNF destacou os trabalhos relativos à melhoria das condições de segurança dos visitantes e às novas áreas temáticas, “como as dedicadas à evolução da flora no PNSAC desde o Jurássico Médio à atualidade no espaço do Jardim Jurássico, e a criação de um novo ponto de água”, para “recriar o paleoambiente que os dinossáurios saurópodes conheceram neste local”.

Já na área da jazida, além de melhores condições de segurança para os visitantes, prevê-se “a colocação de uma estrutura de acolhimento/resguardo de grupos para proteção de condições atmosféricas adversas” ou a criação de um circuito alternativo de visitação.

Entre os trabalhos está a instalação de uma réplica de dinossauro, que “terá cerca de 12 metros de altura e 30 metros de comprimento (da cabeça à cauda)”. Em avaliação está “o material a utilizar e se será o esqueleto ou a réplica de corpo inteiro”, explicou o ICNF.

O ICNF esclareceu ainda que a concretização do projeto “está dependente da adesão das empresas exploradoras no âmbito do cumprimento dos instrumentos de gestão do território aplicáveis no PNSAC”.

As pegadas foram descobertas em julho de 1994, na Pedreira do Galinha, classificada em outubro de 1996 como monumento natural. Este tem 20 trilhos, incluindo o maior trilho de pegadas de dinossáurios saurópodes do mundo, de 147 metros de comprimento, com 175 milhões de anos.

A vice-presidente executiva da Assimagra, Célia Marques, disse hoje à Lusa que a descoberta destas pegadas não era possível se não fosse o setor extrativo e salientou que o protocolo “vai mobilizar a indústria extrativa deste Parque Natural para a requalificação daquele espaço”.

“É um exemplo, como há muitos outros dentro do Parque Natural, que permite demonstrar o equilíbrio que pode ser encontrado, que é encontrado e que temos vindo a trabalhar nele, entre a exploração dos recursos minerais e a proteção do nosso património comum”, garantiu Célia Marques.

A dirigente da Assimagra observou que o protocolo “permite que os exploradores de pedreiras possam regularizar os seus processos individuais, porque permite que compensem o território”.

Notando que cada exploração tem o seu plano de recuperação paisagística, Célia Marques considerou, contudo, também importante, uma compensação além dessa recuperação.

“É isso que estamos a fazer neste projeto e é, acima de tudo, um contributo para a ciência, cultura, turismo e novas gerações”, declarou, convicta que demonstra ser possível encontrar “pontos de equilíbrio entre realidades aparentemente contraditórias”.

Sobre os trabalhos, para os quais empresas vão contribuir monetariamente, Célia Marques realçou que há “um conjunto de prioridades que importava avançar já”, como as questões relativas à segurança, drenagem de águas ou requalificação de espaços.

Quanto a uma segunda fase, admitiu que terá um “envelope financeiro seguramente diferente”, para “um projeto mais ambicioso, mais tecnológico, onde a academia vai ter de se juntar”.

Este monumento, assim como a jazida com Pegadas de Dinossáurios de Vale de Meios (Santarém), passaram a integrar, desde 2024, a lista dos 200 geossítios mais relevantes a nível global, reconhecimento atribuído pela União Internacional das Ciências Geológicas (UICG, na sigla inglesa).

Desde a sua abertura ao público, em março de 1997, o monumento, localizado a 10 quilómetros de Fátima, já recebeu cerca de 572 mil visitantes.

“Acredita-se que a dinâmica imposta pelo projeto, bem como a visibilidade da recente distinção da IUGS, irá aumentar o número de visitantes nacionais e estrangeiros, pelo que a implementação do atual projeto se torna indispensável para a melhoria das condições de visitação”, acrescentou o ICNF.





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