Projeto quer tornar separação de lixo e reciclagem numa rotina em Cabo Verde



Um projeto está a nascer na ilha do Maio, Cabo Verde, para tornar a separação do lixo e reciclagem numa rotina que até pode promover pequenos negócios, explicou à Lusa fonte da Cooperação Portuguesa, que apoia a iniciativa.

A ideia foi desenvolvida no quadro de um financiamento da União Europeia (UE), depois de em 2020 terem sido anunciados investimentos turísticos privados de grande envergadura, com centenas de camas, para tirar partido da paisagem quase virgem da ilha, rodeada de extensas praias e inserida na Rede Mundial de Reservas da Biosfera da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês).

Os investimentos ainda não avançaram, mas as iniciativas destinadas a preparar a ilha para uma mudança estrutural ganharam forma, com a requalificação do porto e construção de um novo cais, além de ações de desenvolvimento territorial sustentável num programa designado Maio 2025.

O projeto do Centro Integrado de Recolha e Tratamento de Resíduos Sólidos (Citres) insere-se neste conjunto de iniciativas e prevê uma unidade de triagem, para separar os materiais que podem ser reciclados, enquanto o resto do lixo seguirá para um novo aterro sanitário – que substituirá a atual lixeira a céu aberto.

O prazo de execução é de três anos, formalizado na última semana, esperando-se que a iniciativa possa servir de modelo e inspirar ações semelhantes, noutras ilhas do arquipélago, explicou à Lusa fonte da Cooperação Portuguesa.

O Maio é uma pequena ilha, com 14 quilómetros de largura por 25 de comprimento, com cerca de seis mil habitantes, situada no grupo do sotavento de Cabo Verde.

O plástico e o vidro vão ser separados e o projeto prevê a aquisição de equipamento para transformá-los para novas utilizações – ou, pelo menos, para serem vendidos, juntamente com outros materiais recicláveis, resultando em receita para o município do Maio.

A valorização dos resíduos pode potenciar novos negócios locais, através da produção local de utensílios e materiais a partir da matéria-prima reciclada que passará a estar disponível, explicou a mesma fonte.

Todo o projeto conta com o apoio da Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Grande Porto (LIPOR), parceira técnica portuguesa graças à experiência acumulada neste tipo de soluções.

O Citres é o fechar de um ciclo em que a Cooperação Portuguesa entrou com o apoio à elaboração da estratégia do arquipélago para gestão de resíduos e à definição dos planos operacionais para cada uma das ilhas: o projeto da ilha do Maio operacionaliza a estratégia e o respetivo plano.

Para já, como primeiro passo, após a formalização do Citres, vão ser feitos o estudo prévio e o estudo de impacto ambiental da obra.

A capacitação e formação de trabalhadores do município é outra tarefa prevista, dotando a Câmara do Maio de competências para a operacionalização do centro, a par da sensibilização dos residentes que vão passar a conviver com contentores coloridos para recolha seletiva.

Tal como aconteceu noutros países, incluindo Portugal, tudo começa com a promoção do hábito de separar o lixo, logo a partir das escolas, abrangendo os mais novos.

O projeto Citres Maio – Centro Integrado de Recolha e Tratamento de Resíduos Sólidos na Ilha do Maio conta com cofinanciamento da UE e da Cooperação Portuguesa através do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. que assegurará também a implementação do projeto na modalidade de cooperação delegada.

Os parceiros cabo-verdianos são a Câmara do Maio, o Ministério da Agricultura e Ambiente, a Direção Nacional do Ambiente, a Agência Nacional de Água e Saneamento e a Empresa Água e Energia do Maio.





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