Senado americano bloqueia tentativa de travar plano para abater quase meio milhão de corujas consideradas invasoras



O Senado dos Estados Unidos da América (EUA) rejeitou, na passada quarta-feira, uma tentativa para travar um plano federal para abater cerca de 450 mil corujas-barradas (Strix varia) no país.

A medida surgiu ainda durante o mandato presidencial de Joe Biden e foi movida pelo serviço norte-americano de Pescas e Vida Selvagem (USFWS), que diz que as corujas-barradas não são nativas dos EUA e estão a pressionar uma espécie nativa, as corujas-pintadas da subespécie Strix occidentalis caurina.

As corujas-barradas são oriundas da região oriental da América do Norte, mas têm vindo a expandir-se para o ocidente dos EUA devido à perda de habitat, estabelecendo-se na costa noroeste do Pacífico do país, em especial no norte da Califórnia, onde estão os últimos redutos da subespécie da coruja-pintada, que tem vindo a sofrer perdas populacionais devido, sobretudo, à destruição das suas florestas pela extração de madeira. As corujas Strix occidentalis caurina estão classificadas como ameaçadas ao abrigo da Lei de Espécies Ameaças (“Endangered Species Act”, em inglês).

O USFWS considera que as corujas-barradas representam uma ameaça significativa à sobrevivência das Strix occidentalis caurina nos EUA, pelo que têm de ser removidas, através de intervenções controladas de abate por tiro.

Quando a medida foi proposta, em 2024, organizações de proteção animal insurgiram-se contra o que dizem ser uma abordagem irresponsável e especialistas em conservação referiam-se a um “dilema ético”.

Embora um plano herdado do governo de Biden, o Senado de maioria republicana apoia largamente a medida. Na votação na semana passada, os senadores rejeitaram o abandono do plano, com 72 votos a favor da medida, face a 25 votos contra.

Mas nem todos os republicanos partilham a mesma visão. John Kennedy, senador do partido liderado por Donald Trump, tentou travar o plano, com uma resolução bipartidária que revertesse o abate das corujas-barradas. Contudo, como se viu, não foi bem-sucedido.

“As corujas-barradas estão a expandir o seu habitat porque as florestas no leste foram cortadas”, disse o senador no discurso de apresentação da sua resolução no dia anterior à votação. “É um fenómeno ecológico que acontece naturalmente”, acrescentou, questionando os colegas na câmara alta do congresso norte-americano se “vamos controlar a Natureza desta maneira?”.

“Isto é tolo, é irresponsável, é caro, não é apoiado por evidências, é desnecessário e não vai funcionar”, declarou.

Apesar das palavras, a tentativa de travar o abate de 10% da população norte-americana de corujas-barradas saiu gorada e o plano seguirá em frente.

Em resposta à resolução levada a votação, dois senadores democratas, Jeff Merkley e Ron Wyden, emitiram um comunicado conjunto no qual expressam oposição ao fim do plano do USFWS para “gerir as corujas-barradas”.

Descrevendo as corujas-pintadas como “uma espécie icónica do Noroeste Pacífico que tem sido o foco de décadas de esforços de conservação”, os dois senadores dizem que o plano em causa “foi desenvolvido após décadas de investigação, de consideração de alternativas para gerir as não-nativas e invasoras corujas-barradas, e de consulta e parceira com as tribos”.






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