Transição verde: Portugal melhora desempenho, mas continua entre os piores em transportes públicos e gestão de resíduos
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Portugal subiu três posições no mais recente Índice de Transição Verde da Oliver Wyman, alcançando a 15.ª posição, face à 18.ª em que se encontrava na avaliação anterior apresentada em 2023.
Os resultados da segunda edição do índice, que avalia o progresso de 29 países (27 Estados-membros da União Europeia, Reino Unido e Noruega) para se tornarem mais sustentáveis e no que toca à redução das emissões de gases com efeito de estufa, foram tornados públicos esta quarta-feira e mostram que Portugal, de modo geral, posiciona-se pela primeira vez acima, ainda que ligeiramente, da média europeia (48,6 pontos de um total de 100), com uma avaliação de 49 pontos.
A avaliação do desempenho ambiental é feita em sete categorias: Energia, Natureza, Indústria Transformadora, Economia, Resíduos, Edifícios e Transporte. E a subida de Portugal no ranking deve-se, sobretudo, a melhorias em três delas, embora, como nos diz Joana Freixa, investigadora principal da Oliver Wyman Portugal, “há ainda trabalho a fazer”.
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Na categoria de Economia, o país subiu dois lugares, para a 13.ª posição, especialmente por causa da redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e da diminuição “significativa” da intensidade de emissões face ao PIB. Contudo, face à avaliação anterior, registou-se uma queda no investimento público em Investigação e Desenvolvimento com propósitos ambientais, ficando abaixo da média dos restantes países analisados.
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Na área de Natureza, Portugal registou a sua maior subida, ficando na 14.ª posição, quando no ranking anterior não tinha conseguido ir além do 25.º lugar. Sofia Cruz, consultora da Oliver Wyman Ibéria, refere que é nesta categoria que o país “mostra mais avanços”. O grande salto deve-se, em grande parte, ao reforço da agricultura biológica, quando comparando com a área agrícola total no país, ficando, por isso, “significativamente acima da média europeia”.
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Ainda assim, Portugal regista desempenhos fracos nos indicadores de gestão da água, que “continua a ser um desafio”, e das áreas protegidas, no qual, das 29 posições, fica em 28.º lugar. Recorde-se que o país já foi alvo de críticas e reprimendas por instituições europeias e nacionais por estar a falhar na conservação da Natureza e da biodiversidade.
A categoria Edifícios foi a outra área em que Portugal melhorou, alcançando o topo do ranking e consolidando a sua liderança nesse campo. Já no índice de 2023, o país tinha conseguido chegar à 2.ª posição.
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A melhoria do desempenho foi particularmente impulsionada pelo uso de energias renováveis para aquecimento doméstico, especialmente pelo recurso a biocombustíveis como a madeira. No entanto, Portugal mantém-se na 9.ª posição no consumo de energia per capita e continua a mostrar fraco desempenho na certificação de edifícios de construção sustentável. E de salientar que esta avaliação não inclui indicadores referentes à pobreza energética, um dos grandes problemas enfrentados pela população portuguesa.
Nas restantes quatro categorias, Portugal piorou face ao ranking anterior. No que diz respeito à Indústria Transformadora, o país em 21.º lugar, caindo três posições. Embora em termos absolutos tenha reduzido as emissões de gases com efeito de estufa, quando comparado com os outros países as melhorias continuam aquém dos que lideram as classificações (Irlanda, Malta, Dinamarca e Alemanha mantêm-se nos quatro primeiros lugares).
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Na Energia, Portugal caiu quatro lugares, para a 9.ª posição, continuando ainda no Top 10 e acima da média europeia. A forte utilização de energias renováveis e de biocombustíveis para a produção de eletricidade é onde Portugal mostra grande desempenho nesta categoria, mas ainda está longe de alcançar os líderes.
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Sofia Cruz recorda que estão a ser feitos investimentos, especialmente a partir do Fundo Ambiental, para fortalecer a capacidade de armazenamento de energia, mas os efeitos só se devem notar na próxima avaliação.
Nos Transportes, Portugal cai da 18.ª posição para a 19.ª, mantendo-se na metade inferior do ranking. Ainda que tenha aumentado a penetração de veículos naõ poluentes, não foi suficiente quando comparada com que a se regista noutros países do índice, ficando abaixo da média europeia.
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Além disso, o país está “na cauda” no que toca à utilização de transportes públicos, no 26.º lugar de um total de 29, pelo que Joana Freixa considera que são precisos mais investimentos nessa área.
Mas é nos Resíduos que Portugal tem o seu pior desempenho, com “resultados bastante negativos”, descreve Sofia Cruz, pelo que “precisamos de esforços redobrado para melhorar”.
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Na 28.ª posição, apenas acima da Grécia, caiu um lugar face à última avaliação. O país tem dos piores resultados relativamente à geração de resíduos per capita (19% acima da média do ranking), à taxa de circularidade, que está 10 vezes abaixo dos que lideram a tabela (Países Baixos e Bélgica) e continua a ter um dos maiores níveis de deposição de resíduos em aterro per capita (89% acima da média europeia).
Para Joana Freixa, “Portugal está no caminho certo”, mas ainda é preciso ir mais longe para que o país consiga alcançar melhores posicionamentos nos rankings futuros.