Uma das tartarugas mais pequenas do mundo é também uma das mais ameaçadas
A tartaruga da espécie Glyptemys muhlenbergii, que pode também ser vulgarmente conhecida como tartaruga do pântano, é considerada uma das mais pequenas da ordem dos Testudinídeos.
Como o nome comum revela, é um réptil que vive em zonas húmidas, onde os solos são húmidos e lamacentos e existe grande abundância de densa vegetação rasteira.
Com um comprimento máximo de cerca de 11,5 centímetros, é uma das tartarugas mais pequenas do mundo, e é mesmo a mais pequena existente nos Estados Unidos da América, região da qual é originária. Estes répteis são relativamente fáceis de identificar devido às manchas amarelas que têm em cada um dos lados da sua cabeça.
São animais bastante sensíveis a perturbações no seu meio ambiente, razão pela qual está classificada como ‘Criticamente em Perigo’ na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Por viver em zonas húmidas, habitats com grande importância ecológicas e sociocultural, as populações de G. muhlenbergii são sobretudo pressionadas pela expansão urbana e agrícola, bem como pela fragmentação dos seus habitats devido à crescente presença humana.
As alterações climáticas são também um fator de ameaça, sobretudo por causa das secas, e as espécies exóticas invasoras agudizam ainda mais essas pressões.
Embora a captura e a venda de tartarugas dessa espécie sejam ilegais nos Estados Unidos, a organização Endangered Species Coalition considera que as medidas implementadas para prevenir essas práticas “têm tido pouco efeito”, pois é uma espécie muito procurada “em muitos mercados negros de animais”.
Atualmente, não se conhece a dimensão precisa da população de G. muhlenbergii, mas estima-se que esteja entre os 2.500 e os 10.000 indivíduos, distribuídos em duas populações, uma no Norte e outra no Sul ao longo da costa leste dos Estados Unidos.
Segundo a organização ambientalista The Nature Conservancy, as tartarugas G. muhlenbergii enfrentam ainda ameaças como a degradação da qualidade da água nos habitats onde vivem e morte por atropelamento. Isto, porque o desenvolvimento urbano traz com ele estradas que fragmentam as zonas húmidas e obrigam as tartarugas a atravessarem estradas movimentadas nas suas zonas de distribuição. Sendo um animal que se move lentamente, o perigo de atropelamento é significativo.
Diz a UICN que estão em curso várias iniciativas que visam a conservação desta espécie, como programas de monitorização das populações, de combate às espécies invasoras e de educação e sensibilização. Contudo, não terão sido ainda implementados programas de reintrodução nem de controlo da captura ilegal.
A G. muhlenbergii faz parte da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens (CITES), especificamente do Apêndice I, onde estão listadas todas as espécies ameaçadas de extinção cuja sobrevivência está a ser ou pode vir a ser afetada pela sua comercialização.
Por isso, o comércio desses animais, também plantas, está sujeito a uma “regulação particularmente rigorosa”, como se pode ler o no texto da CITES, “para não ameaçar ainda mais a sua sobrevivência”. No entanto, geralmente o comércio destas espécies do Apêndice I é proibido.