Uso eficiente da água deve ser de pelo menos 10% até 2030

A Comissão Europeia quer aumentar dos atuais 1% para pelo menos 10% a eficiência do uso da água na União Europeia (UE) até 2030, sustentando que o trabalho a fazer é conjunto, “da Finlândia a Portugal”.
Numa entrevista a alguns órgãos de comunicação social, incluindo a Lusa, em Bruxelas, a comissária europeia para o Ambiente, Resiliência da Água e uma Economia Circular Competitiva, Jessika Roswall, salientou a urgência de aumentar a eficiência hídrica na União Europeia (UE).
“Todos dependemos da água, como sabemos, mas reutilizamos apenas 1%”, referiu a comissária, na entrevista, apontando um objetivo de pelo menos 10% de eficiência até 2030.
O executivo comunitário apresentou hoje a Estratégia Europeia para a Resiliência da Água, numa altura em que a gestão da água apresenta desafios para muitos Estados-membros, incluindo Portugal, mas diferentes entre os 27 e mesmo dentro de cada país.
Bruxelas quer ainda investir na redução dos 30% de perdas de água em toda a Europa, nomeadamente pelo investimento na infraestrutura de transporte e distribuição, havendo financiamento de 15 mil milhões de euros do Banco Europeu de Investimento (BEI), para 2025-2027, para projetos que melhorem o acesso à água, o controlo da poluição, a resiliência e a competitividade do setor da água da UE, nomeadamente através de grandes infraestruturas e de soluções baseadas na natureza.
No que respeita à reutilização da água (na rega ou para usos industriais, por exemplo), Jessika Roswall referiu não ter dados para Portugal, mas indicou como bons exemplos as ilhas de Chipre, como 60% de reciclagem de água, e Malta, que tem uma taxa de reutilização de 90%.
A comissária defendeu também a necessidade da adoção, pela UE, de uma nova mentalidade em relação a este recurso finito: “É fundamental mudar a nossa forma de pensar sobre como restaurar o ciclo da água e essa é uma tarefa coletiva, que exige o contributo de todos, — seja na Finlândia, seja em Portugal”.
A modernização da infraestrutura hídrica na Europa, que é 30% afetada por fugas, é outra das prioridades traçadas na proposta e que pode beneficiar com fundos para a inovação e investigação, dado que a digitalização pode ajudar a detetar e parar os vazamentos.
Roswall destacou haver financiamentos disponíveis já no orçamento atual, “através dos fundos de Coesão”, que poderão ser usados para investir quer na resiliência hídrica, quer nas infraestruturas.
E como na questão da água a qualidade também conta, disse estar atenta aos níveis de poluição e à sustentabilidade.
“Precisamos, por um lado, de limpar a água e, por outro, de ser mais sustentáveis na forma como usamos produtos que podem afetar os recursos hídricos”, acrescentou.
Segundo dados de Bruxelas, ao ritmo atual, a procura mundial de água ultrapassará em 40% o que está disponível em 2030.
Em todo o mundo, as catástrofes relacionadas com a água deslocaram 40 milhões de pessoas e infligiram mais de 480 mil milhões de euros de prejuízos em 2024.
Em Portugal, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou recentemente que a estratégia “Água que Une” para a gestão da água terá um investimento estimado de cinco mil milhões de euros até 2030.