25% dos condutores afirmam intenção de continuar a circular com viaturas proibidas em Zonas de Emissão Reduzidas



Nos últimos anos foram várias as medidas implementadas por diversos países para combater as alterações climáticas, uma delas é a implementação de Zonas de Emissão Reduzida (ZER), que limitam a circulação automóvel para reduzir a poluição e melhorar a qualidade do ar.

Em Portugal há apenas uma ZER, em Lisboa, e os cidadãos demonstram ter pouco conhecimento sobre o tema, como espelham os dados do Observador Automóvel 2024, estudo realizado pelo Cetelem, marca comercial do grupo BNP Paribas Personal Finance: 67% dos portugueses afirmam ter conhecimento da existência deste tipo de regulamentação no mundo, mas destes apenas 27% sabem exatamente o que são estas zonas, enquanto 33% assumem não saber nada sobre o assunto.

Segundo a mesma fonte, no que respeita às zonas de emissão reduzida existentes no país, 48% dos portugueses afirmam não saber se existem; 8% dizem que não existem e 44% mostram ter conhecimento. Em relação aos planos para o futuro, 54% não sabem se serão implementadas mais ZER no país, 9% dizem que não serão criadas num futuro próximo e 37% afirmam que sabem que algumas cidades irão adotar a medida no futuro próximo.

Independentemente de virem a existir ou não mais ZER, 44% dos inquiridos estão confiantes de que o seu veículo atual poderá circular dentro das mesmas; 37% afirmam que o seu veículo não poderá circular e 19% não sabem. Importa ainda assinalar que 64% dos portugueses inquiridos não sabiam da intenção de proibir a venda de veículos a combustão até 2035, um valor acima da média de todos os países participantes no estudo (51%). Um prazo estabelecido na União Europeia, que 70% consideram demasiado exigente.

Apesar de demonstrarem falta de conhecimento sobre o tema, 81% dos portugueses defendem que as ZER são uma medida boa e necessária para resolver o problema da qualidade do ar, mas 59% referem que esta é uma medida ineficaz no combate à poluição.

Por outro lado, se olharmos para a questão económica, 83% dos inquiridos pensam que não haverá capacidade dos portugueses para adquirir carros novos que sejam permitidos nas ZER, nomeadamente por parte das famílias com baixos rendimentos, e 52% vão mais longe ao afirmarem que a medida é irrealista e, ou nunca acontecerá, ou não irá ser bem-sucedida.

Perante esta potencial impossibilidade de circular em determinadas zonas, os automobilistas portugueses decidiram que irão evitar circular nessas zonas (40%) ou optar por outro meio de transporte (31%). Já 25% garantem que irão continuar a circular nas ZER, mesmo que seja proibido. Apenas 12% tencionam adquirir um novo veículo que seja permitido nas ZER (12%).

Falta de conhecimento é transversal a todos os países inquiridos

O princípio e a aplicação das ZER variam muito de país para país. Por exemplo, a zona de Lisboa está dividida em duas, com uma norma mínima Euro 2 e uma norma mínima Euro 3. Em relação ao âmbito deste estudo, apenas quatro países ainda não tinham criado uma ZER: a China (criada apenas para veículos pesados de mercadorias), os Estados Unidos da América (existe uma zona de teste em Santa-Monica, Califórnia), a Turquia e o México (os projetos estão em discussão).

Apesar de 7 em cada 10 pessoas terem conhecimento da existência das ZER, apenas um terço sabe exatamente do que se trata. Atualmente, a maioria dos países europeus, em especial os que possuem ZER eficazes, destacam-se por terem o maior número de condutores com conhecimento exato da sua existência, como é o caso da Alemanha, Bélgica, Itália e França, com resultados de 50% ou próximos disso.

6 em cada 10 pessoas inquiridas em todos os países acreditam que as ZER são uma solução para os problemas atuais. Uma percentagem quase idêntica de condutores considera também que compreendeu o que é proibido e o que é permitido (55%).

No entanto, esta medida é considerada injusta para os agregados familiares com baixos rendimentos por 8 em cada 10, o que sublinha uma vez mais a importância do critério financeiro quando se trata de automóveis. Além disso, 7 em cada 10 pessoas consideram o calendário de implementação das medidas demasiado apertado.

Quanto às ZER existentes em cada país, no geral, apenas 4 em cada 10 afirmam que estão presentes no seu país e 1 em cada 2 automobilistas não sabe se serão introduzidas. Em metade dos países deste estudo, a percentagem de pessoas que admitem não saber ultrapassa mesmo os 50%. Consequentemente, a maioria dos inquiridos do estudo (55%) está confiante de que o seu veículo poderá circular dentro das ZER.

Em caso da impossibilidade de circular, os condutores estão a organizar-se de uma forma pragmática e duas soluções obtiveram 30% das escolhas: comprar um veículo autorizado ou recorrer à mobilidade suave.

Contudo, os inquiridos expressam opiniões contraditórias, sobre os regulamentos relativos aos veículos com motores a combustão: mais de 6 em cada 10 pessoas pensam que estas medidas são boas, mas 1 em cada 2 considera-as insuficientes. Já 8 em cada 10 pessoas sublinham que as famílias serão as primeiras a serem penalizadas se não puderem vender o seu veículo com motor a combustão, o que tornará impossível a sua deslocação.

 





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