Novo sapo em miniatura descoberto no Brasil
Uma equipa de investigadores do Paraná descobriu sete novas espécies de sapos do género brachycephalus, conhecidos pelo seu tamanho em miniatura e pele colorida. O anúncio surge depois de cinco anos de exploração das áreas montanhosas do sul da Mata Atlântica e dois anos após da descoberta, na Papua Nova Guiné, do animal vertebrado mais pequeno do mundo, o sapo paedophryne amauensis, que cresce até aos 7,7 milímetros.
Os novos sapos agora descobertos são ligeiramente maiores – entre nove e 13 milímetros – mas pequeníssimos comparados com outros vertebrados.
Publicada no jornal PeerJ, a descoberta foi feita por uma equipa liderada pelo biólogo Marco Pie, coordenador do curso de pós-graduação em zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
“Encontrar estes sapos dá muito trabalho. A procura demorou muito, uma vez que os lugares são de difícil acesso, exigindo horas de caminhadas em locais íngremes e veículos com tracção 4×4”, explicou Pie à revista brasileira Veja. “Procurámos novas espécies em regiões com altitude, vegetação e climas parecidos aos locais onde estão os sapos que já conhecemos. E tivemos sucesso em grande parte delas”, continuou.
Ainda que vertebrados, eles têm menos vértebras que os seus parentes e menos elementos no crânio. Também também menos membros – os sapos normais têm quatro dedos e cinco dedos dos pés, estes têm apenas três dedos e dois dedos dos pés.
Por estarem entre os mais pequenos vertebrados do mundo, eles são também difíceis de proteger e, claro, são altamente vulneráveis à extinção.
Estes sapos foram encontrados em florestas tropicais húmidas, vivendo na Mata Atlântica da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira. A coloração da espécie está relacionada com a presença de uma neurotoxina muito potente na sua pele, que é fatal para os predadores e também para o homem – denominado tetrodotoxina, este veneno bloqueia a acção dos nervos e causa paralisia.
As primeiras espécies de brachycephalus foram descobertas em 1842 pelo naturalista alemão Johann Baptist von Spix, mas a maioria dos anfíbios do género foram descobertos na última década, sobretudo devido ao seu tamanho reduzido e dificuldade em chegar ao habitat.
“Precisamos de ter uma ideia precisa sobre quais as espécies e onde elas estão, para definirmos áreas prioritárias de conservação. Perder uma população de qualquer destes sapos significaria a extinção completa da espécie”, conclui o biólogo.
Fotos: Luiz Fernando Ribeiro / Creative Commons
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