51 mil litros de herbicidas espalhados pelas estradas nacionais
As primeiras denúncias partiram dos cidadãos revoltados, que assistiram à aplicação de herbicidas nas bermas e terrenos adjacentes às estradas. A associação ambientalista Zero pediu então esclarecimentos à Infraestruturas de Portugal, a empresa pública que tem a seu cargo a gestão dos 15.253 quilómetros de rede rodoviária existentes em Portugal continental, no sentido de determinar as orientações da empresa no controle periódico das espécies herbáceas e arbustivas.
A empresa informou que serão aplicados herbicidas em três distritos – Viseu, Coimbra e Santarém – numa área total de cerca de 102 hectares (ou cerca de 400 quilómetros de estradas intervencionadas). E como as recomendações dos fabricantes de agroquímicos preconizam a aplicação de um mínimo de 500 litros de herbicida por hectare, para eliminar eficazmente plantas herbáceas, então estão a ser aplicados 51 mil litros de glifosato nessas estradas, uma substância, esclarece a ZERO, “considerada um desregulador hormonal, que pode causar danos no fígado e nos rins e que é provavelmente cancerígena”.
A Zero pede, portanto, que as Infraestruturas de Portugal acabem já com esta prática errada, nestas empreitadas ainda e em todas as futuras, por ser perigosa para a saúde, e estar longe de ser a solução mais eficaz, que deveria sempre passar por meios mecânicos:
“A utilização de meios químicos é um método que, a prazo, fica mais caro, pois selecciona as plantas mais resistentes ao herbicida, com impactos significativos na biodiversidade, obrigando assim a um aumento progressivo das doses para fazer face à diminuição da eficácia do produto. Por outro lado, a aplicação de herbicidas nas bermas e nos terrenos adjacentes às estradas mantém no solo grandes quantidades de combustíveis finos mortos, criando condições que podem facilitar a ignição intencional ou negligente de fogos e contribuir para a sua velocidade de propagação”.
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