Samba, o vírus gigante da Amazónia brasileira
O vírus, estranhamente baptizado de Samba, é o maior já identificado no país: ele tem doze vezes o tamanho do vírus da dengue e 100 vezes mais material genético. Os cientistas analisaram as amostras em laboratório e conseguiram isolar o vírus dentro de uma ameba — para se reproduzir, os vírus precisam de parasitar outros organismos.
Segundo Jônatas Abrahão, professor de virologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e principal autor do estudo, uma das possíveis explicações para o tamanho do Samba é a quantidade elevada de material genético necessária para a adaptação do vírus ao local onde ele vive. “O Rio Negro é um meio ácido, diferente de outros rios”.
O vírus Samba codifica mil proteínas, é composto por 1,2 milhão de pares de bases de DNA e tem 600 nanómetros de tamanho (cada nanómetro equivale ao milionésimo de um milímetro), contra 50 nanómetros do vírus da dengue. Ainda não foi possível definir se este vírus pode trazer consequências ao homem, mas Abrahão explica que o facto de ser maior e mais complexo não o torna, necessariamente, mais perigoso. Os mimivírus (nome genérico dado aos vírus gigantes) já foram encontrados em animais e até em humanos.
“Os mimivírus têm sido associados a casos de pneumonia, mas os estudos ainda não são conclusivos. Se isso for verdade, a doença deve se manifestar apenas em pessoas que já tiveram problemas imunológicos. Não acredito que um mimivírus seja a causa de uma epidemia”, afirma Abrahão.
Segundo o virologista, o Rio Negro é importante para manter o Samba em equilíbrio. “O Samba infecta e destrói as amebas com muita facilidade. Sem o Rio Negro para refrear sua multiplicação, ele acabaria por destruir todas as amebas e extinguir-se, já que não teria por onde se reproduzir”, explica.