União Europeia oferece seis viaturas de recolha de lixo a autarquia de São Tomé
A Câmara Distrital de Água Grande, que acolhe a capital são-tomense, recebeu seis viaturas e equipamentos para a recolha e tratamento de lixos, no âmbito de um projeto financiado pela União Europeia.
“A Câmara Distrital de Água Grande está de parabéns com a chegada de mais estes equipamentos. No total na nossa gestão recebemos 13 viaturas, esse processo vai continuar”, disse anunciou o presidente cessante da autarquia, José Maria da Fonseca.
Segundo o autarca a entrega enquadra-se no âmbito do Projeto de Reforço Holístico para Desenvolvimento Sustentável (Rehdes) e outros materiais ainda deverão chegar em dezembro, devido a atraso causados pela pandemia da civid-19.
José Maria da Fonseca disse que no lote recebido na terça-feira, constam ainda “alguns equipamentos relacionados com o centro de compostagem” que a autarquia prevê reabrir “e também máquina de lavagem à pressão” para manter os “contentores limpos na cidade”.
O presidente cessante da Câmara Distrital de Água Grande, considerou neste momento a autarquia tem resolvido o problema equipamentos para a recolha de lixos, devendo agora priorizar “a formação dos colaboradores”, sublinhando que “o fator homem é o que determina todo o processo”.
“No quadro da cooperação que nós temos com Portugal, algumas câmaras já se disponibilizaram para formar os nossos colaboradores, os fiscais, e só temos que agradecer a todos esses apoios que tivemos […] não é fácil conseguir num momento de crise mundial, mas conseguimos equipar a câmara de muitos equipamentos, e esperemos que dentro em breve o paradigma do lixo na cidade possa mudar”, disse José Maria da Fonseca.
A entrega surge numa altura em que moradores e comerciantes de São Tomé reclamam contra a acumulação de lixo nas ruas da capital, um problema de saúde pública que a autarquia local admite ter dificuldades de resolver face à falta de verbas para o pagamento da empresa de recolha.
A nesta semana a Lusa percorreu várias comunidades nos arredores da cidade, e constatou contentores entulhados e lixos a invadirem os passeios e estradas, nomeadamente nas localidades de Riboque Capital, São João da Vargem, Mato Quitchiba, Vila Maria, Fruta Fruta e Madre Deus.
As chuvas constantes dos últimos dias e a falta de esgotos agravam a situação de insalubridade na capital são-tomense.
“Esse lixo está no meio da cidade e envergonha o nosso país, por isso eu peço ao Governo que saia à rua, ande na cidade e veja o que a cidade necessita. Há alturas em que o lixo fica três a quatro semanas e o Governo não reage. Dá impressão que o Governo não se está a preocupar com a cidade, quer dizer que não se está a preocupar com o seu povo”, disse à Lusa o vendedor Jerónimo Trovoada Bom Jesus.
O presidente da autarquia atribuiu responsabilidades à empresa de recolha, apesar de admitir atrasos no pagamento do contrato.
“Apenas onde têm esses contentores grandes é que o lixo prevalece sem retirar. Os motivos não vejo serem justos, isto porque nós sempre pagámos – às vezes atrasa uma fatura ou outra, mas nós sempre pagámos, mas nós percebemos que no momento da campanha [para as eleições de 25 de setembro] esta empresa parou de retirar o lixo: nós fizemos uma campanha em cima do lixo praticamente”, lamentou o autarca são-tomense.
José Maria Fonseca, que foi derrotado nas eleições autárquicas de 25 de setembro, disse que no momento em que se prepara a “passagem de pasta”, a empresa Sonape “traz o mesmo figurino da campanha para deixar o lixo nas ruas”, apesar do pedido da câmara para continuar a recolha.
O presidente da câmara de Água Grande apelou à empresa para que faça o seu trabalho, prometendo que “quando o Governo puser a verba para o pagamento desses compromissos”, o município efetuará o pagamento “o mais rápido possível”.
José Maria Fonseca acusou a empresa de “fazer prevalecer a sua tendência política” fazendo a sua equipa “pagar o preço de uma saída com o lixo na rua”.
“Sentimo-nos muito dececionados, já tentámos a vários níveis acelerar o pagamento, mas o dinheiro não é o que a câmara tem como receita, é o Governo que coloca para fazer este tipo de pagamento”, acrescentou.